Um Fake Ronda a Periferia !

Arquivado em:
Publicado Sexta, 13 de Maio de 2011 às 00:50, por: CdB

Por Professor Joatan Junior 11/05/2011 às 17:01

Segundo o Hip Hop do Ceará, um Fake apoiado por um grupo do Rio de Janeiro estaria sendo promovido pela imprensa e por alguns políticos, como representante da periferia e das juventudes pobres cearenses.

E as Políticas Públicas, onde estão?

Talvez toda essa engenharia (abertura de filial em nosso Estado e superexposição na mídia), seja parte de uma estratégia para angariar recursos, abrir mercados para seus artistas e produtos, e quem sabe até aventurar-se nas eleições locais. É possível que estejam certos aqueles que desconfiam da tentativa de emplacar no cenário, aquele que o Hip Hop está chamando de Fake.


Em outras palavras, tentam forjar um representante para a periferia cearense e os desavisados ou espertos, abraçam a idéia e procuram também se beneficiar da perversa criação. Ainda, segundo a voz rouca das ruas que serpenteia por becos e vielas desse nosso chão, o tal Fake, longe de ser uma unanimidade, estaria sendo tratado pela mídia como a única voz da periferia cearense.


Por mais absurda que seja, essa idéia de Fake não me parece afastada da realidade. Afinal, a mídia do nosso Estado, viciada em caricaturas e besteirol e sedenta por atrações exóticas, tem toda a pré-disposição para abraçar uma marmota dessas. Porém, diante deste e de outros problemas, o que me surpreende é a ineficácia do poder público em relação à escalada da violência, do avanço das drogas e do extermínio dos jovens.


Na verdade, o cenário atualmente disponibilizado para as juventudes é de violência, drogas e de um enorme vazio de perspectivas. Abandonados à própria sorte e submetidos ao extermínio, os jovens viram estatísticas para o Estado e picos de audiência para programas policiais. Em nome deles, considerados ora vítimas, ora vilões, são promovidos espetáculos constrangedores e atos impensáveis, como investir na formação em Hip Hop para policiais e, enviá-los às favelas para desempenhar um papel somente comparável a alegoria de um feitor aprendendo e praticando capoeira em meio aos escravos.


O parlamento tenta articular discurso e propostas, a universidade se esforça para entender a questão, a mídia explora o tema, a população se manifesta e até a polícia, ainda que de forma tosca, se expõe ao ridículo de tentar misturar repressão com hip hop na busca de produzir algum resultado.


Mas, e a Secretaria Nacional de Juventude, o Conselho Nacional de Juventude e as Coordenadorias de Juventude do Estado e do município, onde estão? O que estão propondo? O que tem feito para combater o extermínio dos jovens e ajudar a combater o avanço das drogas? Afinal, a ausência de respostas pode gerar anomalias como o tal Fake, produzindo inquietações e revoltas.


Ninguém gosta de ver sua causa, sua história e seu sofrimento serem utilizados como trampolim político por quem quer que seja. E a indignação aumenta quando se percebe que as condições para o oportunismo e o charlatanismo, podem ter origem na omissão dos que tem a obrigação de liderar os esforços em defesa dos jovens, e não o fazem.


As forças da periferia caminham para uma ofensiva em defesa de seu conteúdo e da legitimidade de suas representações públicas. E quando essas forças se mobilizam, o fazem à sua maneira, com a profundidade política e a radicalidade que lhe são características.


Por tudo isso, devemos nos preparar para grandes debates e importantes transformações no cenário dos Movimentos de Juventudes. E se a mim for permitido oferecer um conselho, direi: É tempo de repactuar as relações e optar por alianças com quem é de verdade. Faz-se urgente ouvir dos jovens quais são as suas prioridades, pois os mesmos estão expostos à violência.


Não é decente o poder público patrocinar shows que cobram ingresso dos jovens da periferia, como se estivesse apoiando a luta contra o Crack. Não é mais possível manter como referência e interlocução privilegiada, quem não conta com o respaldo dos movimentos. É preciso estancar o fluxo de recursos para eventos e projetos sem resultados positivos para a periferia.


O Hip Hop tem razão de estar inquieto, indignado e cobrando soluções. Essas opções políticas e institucionais tem consequências. Com a chancela de políticos, autoridades e gestores públicos e a colaboração da mídia, se ergue uma cortina de fumaça frente aos verdadeiros problemas da juventude, alçando-se à condição de liderança alguém sem base social. E essas falsas representações comprometem a mobilização e a participação popular.


Os dias que virão serão marcados pela ação firme das referências do Hip Hop e de suas organizações. E o poder público, o parlamento, a mídia e os políticos terão que se explicar diante da periferia e de seus legítimos interlocutores. O tempo do Fake se esvai. E os futuros dias serão tempos duros, mas de verdade.


Fake: Palavra de origem inglesa com referência a algo que é falso. Termo usado para perfis falsos da internet.



Virão dias de glória

que mudarão nossa história.

Dias de Luta virão. Poeta Urbano.




Professor Joatan Junior

Coordenador Nacional Interino do MH2O do Brasil



MH2O, MH2O, do Brasil para o Mundo. Por um Mundo Melhor!!

Email:: mh2odobrasil@gmail.com
URL:: http://mh2odobrasil.blogspot.com/

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo