Corregedor-geral da Câmara, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI) informou que deverá concluir nas próximas horas a avaliação da lista de deputados suspeitos de envolvimento em fraudes em licitações de ambulâncias e equipamentos hospitalares e a triagem dos acusados - os que devem ser investigados e os casos que serão arquivados. Consultores e assessores jurídicos ajudam o corregedor na análise sobre cada um dos 62 deputados citados pela justiça. Esse trabalho, segundo o corregedor, vai permitir separar os casos para que a Mesa Diretora da Câmara decida, em reunião, os casos a serem investigados.
Ciro Nogueira afirmou que o despacho do delegado da Polícia Federal em Cuiabá, Tardelli Boaventura, responsável pela Operação Sanguessuga, é superficial e inconclusivo. Segundo ele, o próprio delegado reconhece no documento que não está confirmada a culpa dos deputados relacionados.
- Precisamos identificar os deputados que receberam alguma vantagem ilícita daqueles que apenas apresentaram emendas de boa-fé para a compra de ambulâncias - disse. Ciro Nogueira lembrou que o documento cita nomes mencionados em conversas telefônicas gravadas pela PF.
Depoimento
Em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público, nesta terça, Maria da Penha Lino, assessora especial do Ministério da Saúde, apontou o envolvimento de 170 parlamentares com o esquema de fraude em emendas ao Orçamento da União e a venda superfaturada de ambulâncias para prefeituras, investigados no âmbito da operação policial. Maria da Penha, presa semana passada, depôs em troca do benefício da delação premiada e disse que os parlamentares recebiam propinas de 10% a 20% do valor de cada emenda apresentada.
Ainda no depoimento, a assessora citou o nome de 169 deputados e um senador que teriam atendido aos interesses da organização criminosa. Ela recebeu da PF uma lista com os nomes de todos os deputados e senadores e, com uma caneta de marcar texto, grifou nome por nome. Entre os acusados estão os deputados João Grandão (PT-MS), Feu Rosa (PP-ES), Kátia Abreu (PFL-TO), Enio Tatico (PTB-GO), Coriolano Sales (PFL-BA), Jovair Arantes (PTB-GO), Carlos Dunga (PTB-PB), Inaldo Leitão (PL-PB), Ann Pontes (PMDB-PA), Almerinda de Carvalho (PMDB-RJ), Gilberto Nascimento (PMDB-SP) e Jefferson Campos (PTB-SP), além do senador Ney Suassuna (PMDB-RN). Maria da Penha também garantiu que a empresa Planam, dos empresários Darci José Vedoin e Luiz Antônio Vedoin, possuía uma carteira com todos os nomes dos 170 parlamentares que participavam do esquema.
Rio de Janeiro, Quinta, 25 de Abril de 2024
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Publicado Quarta, 10 de Maio de 2006 às 05:24, por: CdB
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