Documentário <i>Fahrenheit 11/9</i> desperta paixões políticas

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Publicado Terça, 22 de Junho de 2004 às 11:08, por: CdB

A quatro dias da estréia de "Fahrenheit 11/9" nos cinemas norte-americanos, o documentário de Michael Moore que faz críticas à administração Bush virou pivô de propaganda política, patriotismo e censura.

Na defesa do filme estão personalidades democratas, como o ex-governador de Nova York Mario Cuomo e os ex-assessores da Casa Branca na presidência Clinton Chris Lehane e Mark Fabiani, além de uma série de celebridades e ativistas liberais do grupo antiBush MoveOn.

Correram para defender o governo o veterano estrategista republicano Sal Russo, os conservadores californianos Howard Kaloogian e Melanie Morgan e seu grupo, o Move America Forward.

A repercussão política do filme vem sendo ampliada pela intenção declarada de seus defensores de que a fita influa sobre a eleição presidencial de novembro, apresentada por muitos como um referendo à guerra ao terror e à guerra liderada pelos EUA no Iraque, que derrubou Saddam Hussein, ambas lançadas por George W. Bush.

"O filme de Moore nos oferece a oportunidade de votar com mais inteligência do que antes", disse Cuomo na semana passada, ao anunciar que vai liderar os esforços para que o filme seja autorizado para maiores de 13 anos, em lugar da classificação proibida para menores de 18, dada pela Associação das Produtoras de Cinema dos EUA.

Embora queira ver Bush derrotado em novembro, Moore insiste que é politicamente independente, não endossou o candidato democrata John Kerry e não vê seu filme como sendo antiBush.

"As questões que levanto no filme continuarão presentes daqui a um ano, independente de quem esteja na Casa Branca", disse o cineasta à Reuters em entrevista recente. "Não quero que minha obra de arte seja reduzida a Bush versus Kerry. Se Kerry chegar à Casa Branca, ficarei de olho nele com minha câmera".

"Fahrenheit 11/9", que recebeu o prêmio máximo do Festival de Cinema de Cannes, em maio, trata dos vínculos entre a família Bush e alguns sauditas poderosos, entre eles parentes de Osama bin Laden.

Além disso, o filme alega que Bush impeliu os EUA à guerra com o Iraque, divulgando informações equivocadas e explorando o medo público na esteira dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Os distribuidores independentes do filme vão lançá-lo na próxima sexta em mais de 700 salas, um dos maiores lançamentos já vistos para um documentário.

Seus adversários lançaram uma campanha para que o filme seja visto como "antiamericano" e, por isso, seja boicotado pelos donos de cinema.

Uma declaração dada na semana passada pelo movimento Move America Forward disse que "Fahrenheit 11/9" foi endossado pelo Hezbollah, baseado no Líbano e identificado pelo governo norte-americano como um grupo terrorista.

A alegação se baseou numa coluna de fofocas publicada no jornal londrino The Guardian, que, por sua vez, citou uma reportagem publicada no jornal Screen International.

"Seria mais apropriado que essa propaganda política fosse exibida nos campos de treinamento da Al Qaeda do que nos cinemas americanos", disse Melanie Morgan, apresentadora de talk show na rádio de San Francisco KSFO AM e vice-presidente do America Move Forward.

Para Tom Ortenberg, presidente da Lions Gates Filmes Releasing, que está distribuindo o filme, "uma das lições mais importantes de 'Fahrenheit 11/9' é que precisamos de menos censura neste país, e não mais".

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