Belo Monte: Problemas continuam sem respostas após reunião com presidência da Funai

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Publicado Quinta, 26 de Janeiro de 2012 às 14:23, por: CdB

Cerca de 200lideranças indígenas da região do Médio Xingu, cujas aldeias estão na área deinfluência da hidrelétrica de Belo Monte, participaram nesta quarta, 25, de umanova rodada de negociações com o governo e a empresa Norte Energia, sobre açõesde mitigação de impactos da usina. A reunião havia sido marcada em 1 dedezembro do ano passado, após uma tumultuada discussão sobre problemas nocumprimento das medidas emergenciais em andamento, e que havia levantado umasérie de questionamentos sobre o Plano Básico Ambiental (PBA), que definirá asações compensatórias de longo prazo.

Um pequeno tumultoaconteceu antes da reunião quando Meira exigiu que os jornalistas fossemretirados do local, como no evento de dezembro passado. Sob protestos, osindígenas explicaram que haviam negociado a presença da imprensa com oMinistério Público Federal, e que, por sua vez, eles se retirariam, caso apolícia permanecesse no recinto.

Com a saída daForça Nacional e a composição da mesa – Marcio Meira, Johannes Eck, da CasaCivil, o procurador Cláudio Amaral, do MPF, membros da Funai e osrepresentantes da Norte Energia Antenor Bastos e Antônio Coimbra -, começou areunião. Para surpresa dos indígenas, o primeiro tema abordado por Eck foi oProjeto de Lei (PL) 1610, que visa regulamentar mineração e hidrelétricas emterras indígenas, mediante autorização do Congresso Nacional e com pagamento deroyalties para índios e Funai.

Após umacontundente defesa do PL, Eck argumentou que, para discutir compensaçõesfinanceiras de Belo Monte, "precisa ser definido um valor, um tempo e a formacomo ele deve ser pago. E se o dinheiro vai para a aldeia ou se vai para umfundo [da Funai]. Para isso, que é chamado popularmente de royalty, precisa deuma lei”, e sugeriu que este fosse o assunto da reunião.

O desvio da pautaprincipal – o PBA – acabou irritando o cacique José Carlos Arara, liderança daaldeia Arara da Volta Grande. "Vocês ficam dizendo ‘boa reunião pra todos’.‘Boa reunião’ é quando a gente tem resposta. Vocês só falam, só prometem, enada acontece”. De acordo com o cacique - cuja aldeia fica logo acima doprincipal barramento de Belo Monte -, uma das principais preocupações dos araraé que, a partir de novembro, quem vive à jusante da barragem perderá amobilidade no rio.

"A gente não vaiconseguir subir o rio pra chegar em Altamira. Nossos barcos não vão conseguirpassar por falta de água. Não temos estrada nem pista [de pouso]. Nossa entradae saída da aldeia é o rio”, afirmou, cobrando uma posição mais clara sobre ocumprimento das condicionantes indígenas.

A poluição da águado rio, que está barrenta em função da construção da primeira barragemprovisória no Xingu – a chamada ensecadeira -, também foi denunciada pelosindígenas. "Vocês tão aí bebendo água mineral. A gente tá bebendo água suja dorio, a água podre que vocês deixaram com Belo Monte. Temos que tomar banho deroupa porque a água ta dando coceira, as criança tão com ‘pira’.

"A Funai disse quetá acompanhando, que ia analisar tudo. Não vimos nenhuma presença, não temninguém lá”, denunciou Giliard Juruna, da aldeia Nova Muratu, na Terra IndígenaPakisamba, na Volta Grande. "Vocês ficam falando de lei, de PBA, de PL, deroyalty, e olha a nossa situação, os nossos problemas. Vocês estão enrolando”,adendou Jair Xipaya, e José Carlos Arara Concluiu: "Eu não queria Belo Monte.Isto está vindo goela abaixo da gente”.

 

A notícia é doMovimento Xingu Vivo para Sempre

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