Zimbábue expulsa os últimos fazendeiros brancos de suas terras

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Publicado Sexta, 09 de Agosto de 2002 às 05:53, por: CdB

Centenas de fazendeiros brancos do Zimbábue abandonaram suas propriedades nesta quinta-feira, obedecendo a um prazo que se encerrou à meia-noite, estipulado pelo Governo do presidente Robert Mugabe, que confiscou as terras para distribuí-las aos habitantes negros e pobres do país. Representantes dos fazendeiros informaram que pelo menos metade dos 2.900 proprietários intimados a deixar suas terras cumpriram a ordem, principalmente temendo represálias do Governo. Em maio, Mugabe deu um prazo de 90 dias para 2.900 dos 4.500 fazendeiros brancos abandonarem suas terras. Os fazendeiros que desafiarem a ordem poderão ser condenados a até dois anos de prisão, além de multas. Alguns fazendeiros com terras hipotecadas conseguiram proteger-se com uma decisão da Corte Suprema segundo a qual o Governo não poderá confiscar uma propriedade, pois não comunicou oficialmente o banco que é dono da hipoteca dessas terras. Representantes dos fazendeiros disseram, contudo que ainda não se podia antecipar qual será a reação do Governo de Mugabe à essa exceção, que poderia evitar que sejam despejados. A maioria acabou partindo, deixando suas propriedades e se transferindo para cidades próximas, em um clima pesado, marcado pelo ressentimento, especialmente de famílias que viveram muitas gerações em suas fazendas e que retiraram móveis e objetos pessoais com expressões de muito sofrimento. Caminhões de mudanças lotados chegaram à capital Harare vindos de distritos rurais próximos. Alguns fazendeiros disseram à agência de notícias Reuters que esperam poder retornar a suas propriedades na próxima semana. Mugabe, ditador do Zimbábue desde que a ex-República da Rodésia se tornou independente, em 1980, justificou essas mudanças como uma maneira de corrigir os erros do colonialismo britânico, que deixou 70 por cento das melhores terras nas mãos de brancos.

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