<i>Volkswagen</i> anuncia lançamento do Gol com motor bicombustível

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Publicado Quarta, 05 de Março de 2003 às 07:57, por: CdB

A Volkswagen lançará até junho, em escala comercial, a versão do Gol com motor bicombustível (que funciona com qualquer graduação de álcool e gasolina). A decisão já foi anunciada pela montadora ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que visitará a fábrica da empresa em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, no próximo dia 24, para as comemorações dos 50 anos da Volks no país. "Existe hoje uma corrida das montadoras por inovações tecnológicas. A Volks vai fabricar e comercializar o Gol bicombustível no Brasil porque quer manter a liderança em tecnologia', afirmou nesta terça-feira à Folha a diretora de assuntos corporativos da montadora, Junia Nogueira de Sá. A decisão da Volks de produzir o Gol bicombustível faz parte de uma estratégia de recuperar terreno no mercado brasileiro. Durante décadas ela foi líder em vendas internas de veículos, mas atualmente fica atrás da Fiat e algumas vezes também da General Motors (GM). Somando as exportações, porém, ainda é líder na produção de veículos. O motor bicombustível funciona de maneira que o motorista possa encher o tanque somente com gasolina, apenas com álcool ou com qualquer mistura desses combustíveis. Um chip (circuito integrado) verifica a graduação do combustível injetado no tanque e prepara o motor para que as explosões da mistura estejam dentro do padrão de qualidade. O lançamento do Gol bicombustível ocorre num momento oportuno para o governo. A perspectiva de uma guerra dos Estados Unidos e Reino Unido com o Iraque tem elevado o preço do barril de petróleo, que chegou quase a US 40 na semana passada (recuou depois). O carro bicombustível permite que o consumidor utilize só álcool no motor, caso não queira usar gasolina. O menor consumo de petróleo pode ajudar os esforços da equipe econômica de tentar controlar a inflação. Disputa entre montadoras A Volkswagen não é a única empresa que tem trabalhado para lançar o carro bicombustível no Brasil. A Ford chegou a apresentar um protótipo do novo Fiesta com esse motor em maio do ano passado, mas não iniciou a produção comercial do veículo. Também a GM tem planos para lançar sua versão desse tipo de automóvel nos próximos meses. A Volks desenvolveu o Gol bicombustível com a ajuda da indústria Magnetti Marelli, que pertence ao grupo Fiat. Já a montadora da multinacional italiana no Brasil não vinha mostrando interesse pelo produto no ano passado. Uma decisão que contribuiu para a Volks e outras montadoras resolverem investir nas pesquisas para a produção em série do motor bicombustível foi a criação da alíquota de 14% de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para esse tipo de veículo com motor entre 1.000 e 2.000 cilindradas. A medida foi adotada pelo governo Fernando Henrique Cardoso em julho de 2002. O percentual ficou abaixo dos 16% estabelecidos então para carros a gasolina. No início deste ano, a disparada do preço do álcool anidro (aquele misturado com a gasolina) assustou o mercado e poderia ter inviabilizado os plano do carro bicombustível. O litro do álcool anidro passou dos R 0,45 de julho de 2002 para R 1,108 em fevereiro. Mas a decisão do governo de reduzir de 25% para 20% a participação desse álcool na composição da gasolina comum assustou os usineiros, que vinham apostando mais na produção de açúcar para exportação. O preço do álcool anidro já começa a recuar e o litro foi cotado em R 1,05 em meados de fevereiro. Além disso, a fim de garantir o consumo de álcool hidratado (aquele que não é misturado à gasolina), o governo pode aumentar o preço da Cide (Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico) incidente sobre o litro de gasolina de R 0,50 para R 0,86. Se faltar álcool no mercado, por outro lado, o governo pode diminuir a Cide para estimular o consumo de gasolina. O dono de um carro bicombustível pode se adaptar às mudanças da política energética e decidir se

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