Vítimas do Palace 2 não chegam a acordo com Naya

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Publicado Quarta, 12 de Dezembro de 2001 às 20:35, por: CdB

Em audiência realizada na 4ª Vara de Falências e Concordatas do Rio, as vítimas do desabamento do edifício Palace 2 não entraram em acordo com os advogados do empresário Sérgio Naya, dono da empresa Sersan, construtora do prédio. Os ex-moradores - que perderam seus apartamentos em fevereiro de 1998 - querem o cumprimento dos 82 acórdãos firmados pela Justiça, que garantem o pagamento de indenizações entre R$ 300 mil e R$ 500 mil por família, enquanto Naya pede o desbloqueio de seus bens, avaliados em mais de R$ 100 milhões e confiscados judicialmente, para pagar as vítimas. Elas acusam o ex-deputado de oferecer menos do que têm direito. "Pelo acórdão, temos a garantia de que os bens serão vendidos e o dinheiro virá para nós. O que Naya quer é se aproveitar do nosso desespero e dar R$ 70 mil a quem merece R$ 300 mil. Ele manda os advogados ligarem para nós oferecendo mixaria", disse a presidente da Associação de Vítimas do Palace 2, Rauliete Guedes. De acordo com o advogado Joaquim Flávio Espíndola, um dos defensores de Naya, os ex-moradores não poderão ser ressarcidos caso não haja o desbloqueio dos bens. "Ele (Naya) não tem dinheiro. O que queremos é mobilidade para que os moradores sejam reparados", disse Espíndola. "Se ele for à falência, será pior para todo mundo." O ex-deputado oferece dois imóveis em Brasília - os hotéis Saint Peter e Saint Paul, avaliados em R$ 60 milhões - como garantia de pagamento. Seu patrimônio inclui hotéis, fazendas e imóveis, localizados no Brasil e no exterior. O advogado das vítimas, Nélio Andrade, sustenta que somente os acórdãos - cuja monta chega a R$ 27 milhões - serão aceitos. "Já esperamos quatro anos e não será agora que vamos desistir. Precisamos de garantias. Senão, ele (Naya) vende os bens e depois ficamos nas mãos dele. Mais de dez pessoas fizeram acordo e não receberam o dinheiro." O juiz Alexander dos Santos Macedo explicou que a renda advinda da execução dos bens ficaria depositada em juízo para o pagamento das indenizações. O magistrado marcou para janeiro uma nova audiência e pretende fixar parâmetros para que saia um possível acordo entre as partes. Naya já firmou acordos negociados individualmente com cerca de 70 lesados pelo desmoronamento do Palace 2, que deixou oito mortos. Outros cem ainda terão de ser acertados. O ex-deputado não compareceu à audiência porque, segundo seus advogados, tem uma saúde frágil. "Ele sofreu um acidente vascular cerebral há dois anos e não pode ser submetido a tensão", afirmou Espíndola. O empresário está em Brasília sob observação médica. Revoltado, o jornalista Silvio Barbosa, que morava no apartamento 202 do Palace, interrompeu a audiência para protestar. "Isso é mais um absurdo do Sérgio Naya. Ele acha que, por causa do nosso sofrimento, vamos aceitar trocado. Vamos lutar até o fim", disse Barbosa, que, desde que perdeu sua casa, vive num hotel pago por Naya, assim como outras 40 famílias.

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