Vinicius de Moraes completaria 99 anos nesta sexta

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Publicado Sexta, 19 de Outubro de 2012 às 12:00, por: CdB

Cantor, compositor e sobretudo poeta, Vinicius de Moraes completaria 99 anos nesta sexta-feira (19). A data marca também o início das comemorações e eventos em homenagens ao seu centenário, em 2013. 

 

Boêmio inveterado, bon vivant, apaixonado pelas mulheres e por um bom copo de uísque, Vinícius de Morais tornou-se um dos poetas mais populares do país, tendo ainda colaborado de forma determinante para a transformação da música popular operada pela bossa nova. 

Autor de clássicos como Chega de Saudade, Eu Sei que Vou Te Amar e Garota de Ipanema, Vinícius foi parceiro de grandes nomes da Música Popular Brasileira, como Tom Jobim e Chico Buarque. Ao morrer, no Rio de Janeiro, no dia 9 de julho de 1980, deixou uma obra vasta, que passa pela literatura, teatro, cinema e música. 

Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da pianista Lídia Cruz, Vinicius de Moraes já mostrava interesse por poesia desde pequeno. Ingressou no colégio jesuíta, Santo Inácio, onde fez os estudos secundários. Entrou para o coral da igreja, onde desenvolveu suas habilidades musicais. Em 1929, iniciou o curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro.

Em 1933, ano de sua formatura, publicou O Caminho Para a Distância. Não exerceu a advocacia. Trabalhou como censor cinematográfico, até 1938, quando recebe uma bolsa de estudos e foi para Londres. Estudou inglês e literatura na Universidade de Oxford e trabalhou na BBC londrina até 1939.

De volta ao Brasil, dedica-se à poesia e à música popular brasileira. Fez parcerias musicais com Toquinho, Tom Jobim, Baden Powell, João Gilberto, Francis Hayme, Carlos Lyra e Chico Buarque.

A união profissional com Toquinho foi considerada a mais produtiva e rendeu músicas importantes como Aquarela, A Casa, As Cores de Abril, Testamento, Maria Vai com as Outras, Morena Flor, A Rosa Desfolhada, Para Viver Um Grande Amor e Regra Três.

Já a produção poética de Vinicius passou por duas fases. A primeira é carregada de misticismo e profundamente cristã, como expressa em O Caminho para a Distância e em Forma e Exegese. A segunda fase fala sobre o cotidiano, e nela se destaca a figura feminina e o amor, como em Ariana, A Mulher.

O autor também se inclinou para os grandes temas sociais do seu tempo, como em A Rosa de Hiroshima: "pensem nas crianças/ Mudas telepáticas/ Pensem nas mulheres/ Rotas alteradas/ Pensem nas feridas / Como rosas cálidas". A parábola O Operário em Construção alinha-se entre os maiores poemas de denúncia da literatura nacional. 

Comemorações

"Vinicius foi um dos personagens mais relevantes para a cultura brasileira do século 20", crava o pesquisador musical e professor da PUC Miguel Jost, curador das comemorações oficiais do centenário, ao lado do cineasta Miguel Faria Jr. e do poeta Eucanaã Ferraz.

O desafio dos curadores de representar toda a abrangência de Viníciu será resolvido com uma ampla gama de eventos - que inclui shows, debates e os musicais Orfeu negro (com estreia em Nova York ou em Londres) e Arca de Noé, mostra de cinema com filmes ligados à sua obra, como Orfeu, ou louvados em suas críticas de cinema. Atravessando as múltiplas áreas de atuação do artista, uma grandiosa exposição (que deve ser inaugurada no Museu da Língua Portuguesa-SP ou no Centro Cultural Banco do Brasil-RJ).

"Nas celebrações que idealizamos, o eixo que amarra todos os Vinicius é sua atuação como um homem da palavra", explica Faria Jr. A relação de Vinicius com a palavra, nota Eucanaã, passa por todos os campos mantendo o rigor e a sofisticação.

"Ele começou ligado a uma aristocracia poética, místico, depois se aproximou de uma experiência mais cotidiana. Saiu de um vocabulário mais raro, nobre, e foi para a oralidade. Isso deu a ele um arco completo, uma compreensão enorme da língua", aponta.

"Na música popular, ele foi para o simples, mas não abandonou a sofisticação. As repetições de Eu sei que vou te amar refletem uma grande experiência com a língua. Era uma fusão popular-erudito, e ele foi o primeiro a fazer isso. Abriu a porta, assim, para os universitários do pós-bossa nova: Chico, Gil, Caetano. E, para as crianças, também era muito arrojado. A casa é quase surrealista. Não é para fazer a criança reconhecer algo, ele está instigando sua fantasia. Nunca simplificou nada, só complexificou", completou.

Fora do calendário oficial, a Casa da Companhia das Letras na próxima Flip será em homenagem a Vinicius. A editora lança também em 2013 um volume de crônicas inéditas do escritor, organizada por Eucanaã. A Universal planeja a reedição de seus discos, assim como o lançamento de caixa comemorativa.

O centenário vem consolidar um movimento de revalorização de Vinicius ao longo da última década.
"Nós, da família, temíamos que ele se tornasse apenas essa caricatura, do Poetinha, do uísque", onta Georgiana de Moraes, filha do poeta. "Mas nos últimos anos o relançamento de sua obra e o interesse de pessoas como José Miguel Wisnik fez isso mudar", conta.







Com agências

 

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