Transgênicos: grande questão

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Publicado Sexta, 03 de Junho de 2011 às 14:10, por: CdB

Por Eloi Carvalho Torres 03/06/2011 às 19:52

Este texto trata a respeito da polemica das sementes transgênicas incluindo o lobby pró-transgênicos e os danos sociais e ambientais causados pelo agronegócio da era das sementes transgenéticamente modificadas.

Desde a Revolução Verde a Índia vem tendo cada vez mais partes de seu território cultivado por sementes transgênicas. Na verdade esse (a Índia) foi apenas o lugar onde se deu o começo maciço do agronegócio em sua atual formatação, aliada a sementes transgênicas e tecnologias de plantio e cultivo.
Hoje inclusive Brasil tem grandes partes de seu território de plantio ocupado por sementes transgênicas. Isto por que bem antes da rápida aprovação do uso de algumas sementes transgênicas no Brasil, boa parte dos produtores de soja usavam a sementes transgeneticamente modificadas.
Falamos de dois países considerados em desenvolvimento, mas muitos países de economias subdesenvolvidas também usam as sementes transgênicas. Não devemos esperar nestes maior controle do que o pequeno controle de Brasil, Índia e até Estados Unidos.
Apesar da necessidade de considerar os argumentos de que as sementes transgênicas podem reduzir o preço dos alimentos e elevar a produção agrícola, devemos lembrar de alguns aspectos importantes que, obviamente, nunca estão nas propagandas financiadas pelo lobby das empresas de sementes transgênicas.
Um desses aspectos diz respeito ao uso da água. Como as sementes transgênicas são criadas para suportar doses cada vez maiores de agrotóxicos, todos os países que tem o nosso modelo de agricultura baseado em uma espécie por muitos hectares -e fatalmente usaram agrotóxicos e sementes modificadas- contaminaram significativamente seus lençóis freático, seus rios, suas regiões costeiras, mangues e até aqüíferos. Não se trata de problemas isolados, mas comuns a todos esses países.
Outro grande problema é sobre a diversidade de sementes. Em todos os países onde o cultivo do agronegócio foi implantado foram extintas diversas outras espécies de plantas que serviam para a subsistência das populações locais. Desta forma temos dois grandes problemas. As populações que viviam nesses lugares perdem suas formas básicas de identificação com o espaço, e quase sempre o próprio espaço, além é claro do seu meio de sobreviver.
O outro problema é o propriamente o acima citado, ou seja, a diversidade de sementes. As sementes transgênicas são criadas para serem resistentes as mais diversas condições e ganhar o espaço que outras espécies ocupariam. Com isto grande parte da diversidade de sementes do lugar vai cedendo em espaço (também a captação de luz, outro aspecto espacial). Muitas vezes as sementes transgênicas invadem plantações onde as sementes não eram transgênicas, obrigando esses agricultores a se justificarem judicialmente ou a pagar os direitos da empresa que produziu a semente. Isto é muito recorrente nos Estados Unidos.
Lembrando que todos os aspectos citados acima são bem mais assustadores na realidade do que ao acompanhar estas linhas, podemos entrar nas questões de saúde. O já mencionado lobby dos transgênicos afirma que todas as sementes postas no mercado passaram por muitos testes, e se La chegaram, é por que não representam risco algum para a saúde humana. Muitos especialistas em saúde discordam dessa afirmação e ressaltam o fato de que as sementes passam apenas por testes conhecidos e mesmo esses testes são apressados para que o produto entre no mercado o mais rápido possível. Na verdade, existem muitas denuncias de efeitos alérgicos e cancerígenos em humanos causados por sementes transgênicas.
O argumento de que a produção transgênica pode diminuir a quantidade de famintos do mundo cai por terra quando lembramos que a produção mundial de alimentos é maior que a necessidade mundial de alimentos, assim, o problema é de distribuição e desperdício.
Com relação a distribuição devemos lembrar que os Estados Unidos consomem boa parte da produção mundial. Não se trata apenas de comer, se trata de oferecer uma quantidade enorme de comida para cada cidadão capaz de pagar por ela. Boa parte dessa comida será estragada, mas o preço monetário da comida estragada será revertido para aquele que consome ou diminuído daquele que produz.

Eloi Carvalho Torres é homo sapiens sapiens

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