Terrorista preso diz que pretendia começar uma guerra

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Publicado Terça, 07 de Setembro de 2004 às 07:07, por: CdB

Um homem preso por suspeita de participação no seqüestro da escola de Beslan, em que mais de 330 reféns, metade deles crianças, acabaram mortos, disse que o objetivo dos terroristas era "começar uma guerra no Cáucaso". Enquanto russos revoltados com o presidente Vladimir Putin exigem a sua saída, depois da desastrada ação de resgate, na Itália uma multidão foi às ruas orar pelas vítimas.

Na semana passada, ainda durante o cerco, um dos principais negociadores da crise advertiu que isso poderia acontecer, dependendo do desfecho. Depois do desenlace trágico da sexta-feira e da ira demonstrada pelas famílias de Beslan, na Ossétia do Norte, crescem os temores de confrontos.

O homem já havia sido mostrado no domingo, falando à TV russa. Nesta segunda-feira, foi divulgado um novo vídeo e mais detalhes de como teria sido planejada a ação - um dos mais dramáticos ataques terroristas da História. O suposto seqüestrador não identificado, que teria raspado a barba para tentar fugir entre os reféns, disse que os mentores da ação, foram o líder rebelde radical checheno Shamil Basayev, considerado o homem mais procurado da Rússia, e o ex-presidente Aslan Maskhadov, que lidera uma ala do movimento de resistência considerada menos radical.

Ele contou que o grupo, integrado por árabes, chechenos e uzbeques, foi reunido em regiões de floresta por um homem que identificou como "O Coronel".

- Eles nos reuniram na mata e "O Coronel" disse que deveríamos tomar uma escola em Beslan. Essa era nossa ordem, Quando indagamos por que faríamos isso, qual era o objetivo, "O Coronel" respondeu: porque precisamos começar uma guerra no Cáucaso.

As autoridades da região do Cáucaso temem que o massacre na escola em Beslan desencadeie uma onda de ódio étnico e religioso entre as populações locais, etnicamente diferentes, repetindo-se o ocorrido nos enfrentamentos de 1992, quando milhares de ossetas e inguches morreram. Agora, o governo diz que havia chechenos e inguches envolvidos no massacre.

Num site na internet dedicado ao movimento checheno, o www.kavkazcenter.com, Maskhadov negou envolvimento no massacre de Beslan, dizendo que os ataques a civis "atrapalhavam o reconhecimento internacional de um Estado checheno independente".

No vídeo anterior, exibido pela TV russa no domingo, o seqüestrador disse que teve pena das crianças e não atirou.

- Claro que tive pena das crianças, juro por Alá. Eu tenho filhos, eu não atirei. Juro por Alá. Não quero morrer. Juro por Alá. Quero viver - disse ele.

Pessoas que foram reféns do comando rebelde nas 52 horas de terror dentro do ginásio da escola de Beslan dizem que todos os terroristas abriram fogo.

O desenlace trágico do seqüestro teria começado quando explosivos foram detonados dentro da escola pelos terroristas - ainda não se sabe se de propósito ou não. As crianças teriam se apavorado e muitas teriam corrido. Os seqüestradores abriram fogo, e as forças de segurança russa invadiram o local.

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