SP: moradores da periferia pressionam para receber ciclovias

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Publicado Terça, 22 de Setembro de 2015 às 07:51, por: CdB
Por Redação, com ABr - de São Paulo: Moradores dos bairros localizados fora do centro expandido da capital paulista pressionam a prefeitura paulistana a rever o plano de instalação de ciclovias na cidade. Dos 400 quilômetros previstos pela administração municipal, 180 quilômetros ou 45% servem aos bairros periféricos. O restante das faixas exclusivas para bicicletas fica na região central.
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Segundo a CET, deverão ser implantados mais 139,8 quilômetros de ciclovias em todas as regiões da cidade
– Em um determinado momento, faltavam menos de 150 quilômetros para concluir o plano de metas dos 400 quilômetros, e ascendeu uma luz. Se não priorizar os 100 quilômetros (restantes) para a periferia, infelizmente a gente vai ter várias ciclovias, mas elas não vão ter um caráter de rede, não vão se interligar às ciclovias do centro – disse em entrevista à Agência Brasil o ativista em mobilidade Roberson Miguel, para lembrar o Dia Mundial sem Carro, comemorado nesta terça-feira. Morador da Zona Norte de São Paulo, Roberson é um dos responsáveis pela campanha #CicloviaNaPeriferia que conta com adeptos das quatro regiões da cidade. Em abril, organizaram-se e conseguiram uma reunião com secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. – Lançamos o #CicloviaNaPeriferia pouco antes de uma reunião com o secretário e começamos as discussões para ver se realmente eles se movimentavam nessa direção. A gente achou que talvez não fosse suficiente só sentar à mesa e conversar, e começamos o movimento na rua, nas redes sociais com a hastag CicloviaNaPeriferia – conta. Mobilização A mobilização fez com que a prefeitura criasse um grupo de trabalho para debater com representantes do movimento a instalação de ciclovias na periferia. “Depois desse processo, reunimos com o pessoal da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e apontamos as vias que seriam prioridade para a gente. Mas não sabemos ainda o que foi acatado”, destacou Roberson. Segundo a CET, deverão ser implantados mais 139,8 quilômetros de ciclovias em todas as regiões da cidade. O órgão informou algumas áreas da periferia que receberão as faixas exclusivas. Serão sete quilômetros em Parelheiros, Zona Sul; oito quilômetros em Aricanduva, zona leste; sete quilômetros na Capela do Socorro, zona sul; sete quilômetros na Vila Maria, zona norte; seis quilômetros em São Miguel, zona leste, e quatro quilômetros e meio em Cachoeirinha, na zona norte. – Na periferia, você tem um fator adicional (de necessidade de ciclovias) que é a pessoa que já usa a bicicleta. E é um número muito superior ao pessoal das regiões mais centrais onde já tem um transporte público um pouco melhor – destaca Roberson. Pesquisa Pesquisa da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), feita em parceria com a organização não governamental (ONG) Transporte Ativo e Observatório das Metrópoles, mostra que 80% dos ciclistas de São Paulo que não têm acesso a ciclovias estão na periferia da cidade. No entanto, o quadro começa a se alterar. O professor de geografia Lincon Paiva pedala há dez anos na periferia para chegar ao trabalho. Hoje vê a situação melhorando. “Eu já adotava a bicicleta há dez anos. Onde não tinha ciclovia, ia de bicicleta da mesma forma. Hoje, 60% do meu caminho é feito por meio de ciclovia, parte da prefeitura e outra do Metrô”, conta. Ele pedala diariamente 10 quilômetros de casa, na Vila Prudente, na zona leste, até a cidade de São Caetano do Sul, onde leciona. Carrega os diários de classe e um notebook na mochila. – Costumo dizer para todos os amigos e professores que se antes eu me preocupava com o carro, com buraco, com a sujeira, hoje eu só me preocupo com o buraco, porque há um respeito muito maior. A ciclovia está lá, está dizendo: esse é o espaço do ciclista.
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