Soldados dos EUA posam em foto com corpos de insurgentes afegãos

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Publicado Quarta, 18 de Abril de 2012 às 06:13, por: CdB

Soldados dos EUA posam em foto com corpos de insurgentes afegãos

CABUL, 18 Abr (Reuters) - As relações já tensas entre os Estados Unidos e a Otan com o Afeganistão sofreram mais um golpe nesta quarta-feira com a publicação de fotos em um jornal norte-americano mostrando soldados dos EUA posando com os corpos mutilados de insurgentes afegãos mortos.

Altos funcionários dos EUA e o principal comandante da Otan no país, o general norte-americano John Allen, agiram rapidamente para condenar as fotos antes mesmo de serem publicadas pelo jornal Los Angeles Times, que recebeu as fotos de outro soldado.

"As ações dos indivíduos fotografados não representam as políticas da Força Internacional de Assistência à Segurança ou do Exército dos EUA", disse Allen em um comunicado, acrescentando que uma investigação sobre o incidente estava em andamento.

A divulgação no site do LA Times de algumas das 18 fotos, tiradas em 2010, ocorre em um momento delicado para as relações EUA-Afeganistão, após a publicação de um vídeo em janeiro que mostrou quatro fuzileiros navais dos EUA urinando em cadáveres de insurgentes afegãos.

A queima de exemplares do Alcorão em uma base aérea da Otan também desencadeou uma semana de distúrbios que deixaram 30 mortos e levaram à morte de seis norte-americanos.

E em março um sargento do Exército norte-americano saiu atirando à noite em duas aldeias do sul do Afeganistão, matando 17 civis e levando o presidente afegão, Hamid Karzai, a exigir que soldados estrangeiros se limitem a permanecer nas bases principais.

Insurgentes do Taliban lançaram ataques suicidas em Cabul e em três outras províncias no fim de semana, alegando agir em retaliação aos três incidentes.

CORPOS DECEPADOS

Em uma das foto, um paraquedista aparece próximo a uma insígnia não-oficial colocada ao lado de um corpo, com a inscrição: "Caçador de Zumbis", enquanto em outra foto soldados posaram com a polícia afegã segurando as pernas decepadas de insurgentes-suicidas.

Em outra imagem, dois soldados seguravam a mão de um insurgente morto com o dedo médio levantado.

O LA Times disse que os soldados da 82a divisão aérea tinham estado em uma delegacia de polícia na província de Zabol, no Afeganistão, em fevereiro de 2010, e revisitaram o local vários meses depois. As fotos foram tiradas em ambas as ocasiões.

O Secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, afirmou em um comunicado divulgado pelo porta-voz do departamento George Little que a publicação das imagens pode levar a novos ataques contra forças de segurança no futuro.

"O perigo é que esse material possa ser usado pelo inimigo para incitar à violência contra os membros do serviço norte-americanos e afegãos no Afeganistão", disse Panetta. "As forças norte-americanas no país estão tomando medidas de segurança para se proteger contra isso."



O embaixador dos EUA no Afeganistão, Ryan Crocker, também condenou as fotografias, chamando as ações dos soldados de "moralmente repugnantes" e dizendo que eles "desonraram os sacrifícios de centenas de milhares de soldados norte-americanos e civis que serviram com distinção no Afeganistão".

O jornal defendeu a distribuição das fotos, que as autoridades militares norte-americanas haviam pedido para não serem publicadas.

"Após cuidadosa avaliação, decidimos que a publicação de uma seleção pequena, mas representativa, das fotos iria cumprir a nossa obrigação de informar os leitores de forma enérgica e imparcial sobre todos os aspectos da missão norte-americana no Afeganistão", disse o editor Davan Maharaj em artigo do jornal.

As fotos devem atiçar mais o sentimento anti-Ocidental no Afeganistão no momento em que as tropas de combate da Otan avaliam se retirar do país em 2014 e buscam reforçar a frágil segurança no país.

Tais incidentes têm complicado os esforços dos EUA para negociar um acordo de parceria estratégica para definir os termos de sua presença assim que a maioria das tropas de combate estrangeiras se retirarem do Afeganistão, até o final de 2014.

(Reportagem de Jack Kimball)

Reuters

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