Siron Franco volta a expor obras no Rio

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Publicado Segunda, 03 de Maio de 2010 às 06:21, por: CdB

O artista plástico Siron Franco volta ao Rio de Janeiro na próxima semana, onde inaugura no dia 11, na Caixa Cultural, no Centro do Rio, a exposição Segredos, composta por obras recentes, produzidas nos últimos sete meses. A mostra apresenta 15 telas e quatro esculturas de uma série que pretende provocar reflexões nos interlocutores.

O título da exposição apresenta, desde o início, um mistério que pode conter tudo, desde fatos não revelados a simples ironias cáusticas diárias. O segredo da criação se apresenta tanto na ideia que dá origem à produção quanto em tudo aquilo que, na existência do artista, evoca o mistério. Siron foca, principalmente, em segredos que encobrem o Sagrado: o mistério da vida, da criação, da oração e da intuição.

A série Segredos completa possui quinze pinturas, entre obras horizontais e verticais, medindo 150x200 cm, e mais dois quadros de 1,80x1,90 cm. Na tela O Primeiro Segredo, recoberta de carvão, são colados 17 CDs. O que eles contêm é um mistério, mas a composição recria a chave magnética de um quarto de hotel em que o artista ficou hospedado. Esta obra foi chave de abertura para a exposição, abrindo o novo caminho ainda não descoberto.

O processo criativo pode ser percebido tanto na composição como na pesquisa de materiais que impregnam as telas onde, além de ouro, chumbo e tecelagem africana, são utilizados carimbos da anatomia humana de borracha e carimbos de silicone.

Na primeira obra criada para a exposição, Segredo número 3, as linhas horizontais de antes, agora, são verticais. O processo criativo do artista vem dos inúmeros acasos diários. Desde sua última exposição, Siron dizia:

– Estou sentindo que vem algo novo em minha obra.

Mas ficava obscuro, inclusive para ele, o que viria a seguir. Neste percurso, um universo enigmático abriu-se para o artista.

Os segredos sugeridos nas telas ganham volume nas esculturas. Um fato autobiográfico é o impulso inicial da obra Segredo número 21, uma fogueira produzida em mármore sintético. A escultura, de 250 cm, impressiona pelos detalhes: imagens do repertório popular católico incrustadas em suas vigas horizontais. A investigação de Cláudia Ahimsa, curadora da exposição, expõe o background do artista:

– Ele percebe minha investigação silenciosa sobre o 'mármore' cruzado –, conta.

– Minha mãe andava sobre brasas, depois a sola dos pés estava fria. Então, a fogueira branca é o retrato que ainda não fizera de sua mãe.

Outras quatro esculturas compõem a série. O ideograma chinês recortado a laser em chapa de aço, para nós ocidentais, que utilizamos o alfabeto fonético, tem um significado misterioso. As formas são reorganizadas, abrindo-se plasticamente para outras mil possibilidades de leitura. Secreto também é o conteúdo da mala de ferro maciço, de 800kg.

A obra Segredo número 23 é composta de uma base de aço. A imagem em ferro cromado só se completa com seu próprio reflexo vislumbrado no óleo diesel queimado. Sagrada, numa primeira leitura, a imagem é, na verdade, o recorte da gilette, elemento do cotidiano. A obra que completa a série é um labirinto formado por duas esculturas de 250cm de altura, formadas pelo empilhamento de 10 cruzes cujas junções derramam graxa.

O pintor goiano Siron Franco é hoje reconhecido internacionalmente, com a realização de exposições no exterior e obras espalhadas por coleções e acervos de museus brasileiros, da Europa e das Américas. A exposição na Caixa Cultural acontece até 11 de julho de 2010, com entrada franca.

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