Síria rejeita ampliação da missão de observadores da ONU

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Publicado Quarta, 18 de Abril de 2012 às 06:10, por: CdB
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A Síria afirmou nesta quarta-feira que uma missão de observadores da ONU não precisa ter mais do que 250 integrantes nem apoio aéreo independente, contestando a avaliação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre os requisitos para o monitoramento da frágil trégua em vigor. O governo sírio também afirmou preferir a vinda de monitores de "países neutros", entre os quais o Brasil. O cessar-fogo instaurado há sete dias funciona apenas em partes da Síria. Em redutos oposicionistas, como Homs, Hama, Idlib e Deraa, o Exército continua atacando os rebeldes com armas pesadas, o que contraria o plano de paz acatado pelo governo de Bashar al Assad. O chanceler sírio, Walid al-Moualem, disse numa entrevista coletiva em Pequim que os monitores deveriam vir de países "neutros", entre os quais citou Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - todos eles mais simpáticos ao regime de Assad do que as nações ocidentais desenvolvidas e a Liga Árabe. Ban disse que, para monitorar cidades separadas por centenas de quilômetros, ele solicitou helicópteros e aviões à União Europeia, mas Moualem declarou que a Síria se encarregará do transporte aéreo onde for necessário. Uma fonte política no vizinho Líbano disse que o governo sírio já havia rejeitado o uso de helicópteros da ONU. As grandes potências ocidentais não demonstram apetite por uma intervenção militar para acabar com a violência na Síria, que dura 13 meses e já resultou em mais de 10 mil mortes. Rússia e China, que têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, já vetaram duas resoluções que poderiam levar ao uso da força. Assad diz que a Síria está sendo atacada por terroristas patrocinados pelo exterior, e que os monitores desarmados, para a sua própria segurança, precisarão coordenar todos os passos da sua missão com as autoridades sírias. O Exército Sírio Livre, principal grupo da oposição armada, diz que irá aderir ao cessar-fogo se Assad retirar tanques, armas pesadas e soldados dos centros urbanos, conforme prevê o plano de paz do mediador internacional Kofi Annan. Ativistas dizem que muitas pessoas já foram mortas desde que a trégua entrou oficialmente em vigor, na quinta-feira passada. De acordo com a agência estatal de notícias Sana, quatro membros das forças de segurança e um civil foram mortos na terça-feira quando "um grupo terrorista armado lançou uma bomba em um ônibus" em Aleppo, segunda maior cidade síria. A agência disse que terroristas estão atacando e matando soldados leais ao governo em suas casas, e sequestrando juízes. Na manhã desta quarta-feira ativistas colocaram na internet um vídeo mostrando um suposto bombardeio em Homs ao alvorecer. O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, disse que a cidade de Deraa (sul) foi bombardeada. A entidade confirmou as cinco mortes por uma bomba em Aleppo. Uma equipe preliminar com seis militares da ONU está em Damasco discutindo o protocolo da eventual missão de monitoramento, cuja composição Ban pretende apresentar nesta quarta-feira ao Conselho de Segurança. O chefe da missão preliminar, o coronel marroquino Ahmed Himmiche, disse que está tentando estabelecer contato com os rebeldes sírios. Ministros da Liga Árabe se reuniram na terça-feira com o mediador internacional Kofi Annan e pressionaram a Síria a cooperar plenamente com a missão de paz dele, começando por oferecer acesso irrestrito a monitores estrangeiros que fiscalizarão um cessar-fogo. A trégua vigora há seis dias em partes da Síria, mas em outras os combates persistem. Uma pequena missão da ONU chegou nesta semana ao país para monitorar o cessar-fogo. Em nota divulgada após a reunião da Liga Árabe com Annan no Catar, o bloco disse: "Solicitamos ao governo sírio que ajude os observadores a fazerem seu trabalho e permitam o transporte e as condições para o acesso a todas as áreas da Síria, e que não imponha a eles condições que os impeçam de fazer seu trabalho". Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, apresentou um relatório sobre a situação à Liga, que já suspendeu a Síria dos seus quadros, e discutiu como fortalecer a missão, segundo um delegado da Liga que pediu para não ser identificado. - Apoiamos plenamente o sr. Annan e seu plano de seis pontos, mas infelizmente a matança ainda continua - disse o primeiro-ministro do Catar, xeque Hamad bin Jasim bin Jabr al Thani, a jornalistas depois da reunião - Estamos temerosos de que o regime esteja jogando para ganhar tempo. Expressamos isso ao sr. Annan. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse em Luxemburgo que os 250 observadores que a entidade pretende enviar à Síria não serão suficientes, "considerando a atual situação e a vastidão do território". Não está claro se o presidente Bashar al Assad aceitaria a presença de mais monitores da ONU e de aviões estrangeiros na Síria. Uma fonte política no vizinho Líbano disse que Damasco já rejeitou o uso de helicópteros da ONU.
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