Serra pressiona para ter Simon na chapa

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Publicado Quarta, 24 de Abril de 2002 às 18:07, por: CdB

Além de travar uma queda de braço com o comando do PMDB, o candidato do PSDB a presidente, senador José Serra (SP), também não se entende com o comando de sua própria campanha sobre a escolha do vice. Serra quer o senador Pedro Simon (PMDB-RS) compondo sua chapa, certo de que um perfil de esquerda, com boa imagem nacional, pode ajudá-lo a tirar votos do PT no segundo turno da disputa. Mas líderes e dirigentes tucanos vêem nisso um equívoco e engrossam o coro entoado nos bastidores até pelo coordenador da campanha, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG). "A esquerda já está representada na chapa pelo próprio Serra", diz o presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), resumindo o pensamento de boa parte da coordenação da campanha. "Divergências pontuais entre o candidato e o governo são naturais e sempre existiram, mas pretender disputar votos da oposição é um equívoco grave que o Ciro (Gomes, candidato do PPS) já cometeu, e deu no que deu", completa o líder do PSDB no Senado, Geraldo Melo (RN), convencido de que se o socialista tivesse disputado espaço no eleitorado do presidente Fernando Henrique Cardoso, estaria dando muito mais trabalho ao governo, "com o talento que tem". A avaliação predominante é a de que Serra não pode nem deve fugir da condição de candidato do PSDB, do governo e do presidente Fernando Henrique, o único capaz de tranqüilizar líderes políticos locais e a população de baixa renda quanto à continuidade de programas sociais como o bolsa alimentação, o saúde da família e o de erradicação do trabalho infantil. Além disso, os tucanos apontam para o temperamento impulsivo e crítico de Simon. "Com um vice desses, o Serra vai passar quatro anos infernizado, porque ele não lhe dará sossego", diz um dirigente do PSDB, que à semelhança da cúpula peemedebista defende o nome do deputado Henrique Alves (PMDB-RN). Os dirigentes do PMDB vão ignorar a preferência de Serra, a menos que ele procure o partido para declará-la e assumir o ônus de sua escolha. "Mandar recados não vai adiantar porque não tomaremos a iniciativa de quebrar o princípio federativo da chapa, pelo qual o vice deveria vir do Nordeste", explica um cardeal do PMDB. Mas o assunto da reunião do comando da campanha tucana com os líderes e o presidente nacional do PMDB, Michel Temer (SP), não foi o vice, e sim os acertos regionais entre as duas legendas, considerados imprescindíveis para selar a parceria oficial. Dispostos a quebrar as resistências de tucanos em apoiar candidatos do PMDB em vários estados, como Acre e Sergipe, e a recusa em fazer parcerias em outros, como Mato Grosso, os peemedebistas trabalham para acerto que garanta a maioria necessária para aprovar a aliança formal. Tanto que a cúpula do partido não hesitou em bater à porta de Fernando Henrique na noite de terça-feira, pedindo a ajuda presidencial para fechar os acordos nos Estados. O presidente prometeu empenho máximo, até porque a aliança formal com o PMDB é a garantia de um bom palanque eletrônico no horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Afinal, o PPB reuniu os diretórios estaduais do partido ontem em Brasília e decidiu não coligar com ninguém na disputa presidencial. Mas a decisão não é de todo uma má notícia para Serra. As regionais mais fortes do partido, como MG, RS, RJ, SC e PA, entre outras, estão dispostas a apoiar o tucano na corrida sucessória, isolando a corrente malufista.

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