Sars pode desaparecer do mesmo jeito que apareceu

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Publicado Quinta, 08 de Maio de 2003 às 16:16, por: CdB

A ausência de registros de pessoas que tenham incubado o vírus da Sars (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda Grave), tem animado médicos envolvidos no combate à doença. Segundo especialistas, isso pode ser um sinal de que a doença desaparecerá rapidamente e de forma natural - se os casos já existentes forem tratados de forma adeqüada. O epidemiologista Renato Gusmão, chefe da Unidade de Controle de Doenças Comunicáveis da Organização Pan-Americana de Saúde, nos Estados Unidos, disse que o vírus da síndrome pode ter se tornado forte demais para viver no organismo humano - o que o levaria a desaparecer em breve. Com o desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico para a doença, em breve especialistas poderão saber se o vírus pode infectar pessoas sem fazer com que elas desenvolvam os sintomas da doença. Ação do vírus Segundo o médico Renato Gusmão, o vírus da Sars é tão agressivo para os seres humanos que provavelmente não conseguirá conviver com o seu hospedeiro e, com isso, desaparecerá. - Estou otimista. Para o vírus, não é interessante que o ser humano morra. Se o paciente morre, o vírus não tem como se alimentar e reproduzir. Trabalhamos cada vez mais com a hipótese de que esse é o caso do vírus da Sars, devido à agressividade e às altas taxas de mortalidade da doença -, explica Gusmão. Para as autoridades de saúde, essa descoberta será uma boa notícia em relação à Sars, também chamada de pneumonia atípica. Ela indicaria que, se a doença for tratada de forma adequada, poderá ficar relativamente sob controle, sendo eliminada mais tarde. O médico disse que, ao passar de animais (ainda não se sabe exatamente se do porco ou da galinha) para o homem, o vírus da Sars sofreu mutações - e ainda sofre - para se adaptar melhor ao seu novo hospedeiro. - A espécie humana sofre muito porque entra em contato com um organismo desconhecido e que a ataca de forma agressiva também -, explicou. O médico, no entanto, lembra que apenas com métodos de diagnóstico mais precisos os especialistas chegarão a uma conclusão a respeito dessa teoria. - Caso a agressividade da Sars seja confirmada, com as técnicas de controle da doença já existentes -- isolamento do paciente, tratamento dos sintomas e notificação imediata dos casos --, não deixaremos que a doença mate tanto -, acredita Gusmão. Gripe espanhola O médico diz que a gravidade da Sars é enorme. - Ela é muito semelhante à gripe espanhola, que matou milhões de pessoas no início do século passado e também pulou do animal para o homem. Mas a Organização Pan-Americana de Saúde, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), prevê uma mortalidade menor para a Sars. - Hoje em dia, com governos democráticos e uma rede de saúde muito mais avançada e rápida, é impossível uma doença como a Sars matar tanto quanto a gripe espanhola -, explicou o epidemiologista. Gusmão elogiou ainda a força-tarefa mundial que se formou logo após a identificação da Sars. - Foi um belo exemplo da prática da saúde pública. Instituições sem fins lucartivos mostraram-se desde o início empenhadas em detectar o vírus, seqüenciar o seu código genético e isolar pacientes para que o microorgismo não fosse extremamente transmissível. Ele disse que não houve uma preocupação visando o lucro a partir do combate à pneumonia atípica. - Ninguém correu para patentear remédios ou lucrar com a descoberta de tratamentos. E é isso que precisa continuar acontecendo dada a agressividade da Sars. Vietnã O Vietnã, onde a doença apareceu de forma bastante agressiva inicialmente, foi declarado pela OMS como o primeiro país a controlar a Sars. Segundo a organização, as autoridades de saúde vietnamitas perceberam logo o alto contágio da doença e trataram de colocar os pacientes completamente isolados. Já na China, conta Gusmão, houve demora no reconhecimento da gravidade da epidemia. - O governo demorou pelo menos quatro meses para perceber a

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