Saddam pede resistência em suposta gravação

Arquivado em:
Publicado Sexta, 04 de Julho de 2003 às 17:49, por: CdB

Uma gravação atribuída a Saddam Hussein e divulgada pela emissora árabe de TV Al Jazeera nesta sexta-feira pediu aos iraquianos que apoiem a resistência contra a invasão norte-americana. No discurso em que marcou o Dia da Independência dos Estados Unidos, o presidente George W. Bush disse que seu país ainda está em guerra. Pouco antes, suas tropas mataram 11 atiradores que tentaram fazer uma emboscada contra os militares a noroeste de Bagdá. As autoridades dos EUA dizem que ainda vão investigar a gravação, mas consideram cedo para dizer se a voz que nela aparece é realmente a do ex-ditador Saddam, desaparecido desde 9 de abril. O timbre e o tom belicoso de fato são parecidos com os discursos que Saddam costumava fazer antes de ser deposto. - Conclamo vocês os iraquianos a proteger os heróicos combatentes da resistência e a não dar aos invasores infiéis ou a seus colaboradores qualquer informação ou ajuda - disse ele, acrescentando que a gravação foi feita em 14 de junho dentro do Iraque. Em uma versão mais completa, emitida mais tarde pela Al Jazeera, a gravação zomba dos Estados Unidos por não terem encontrado armas de destruição em massa no país, apesar de sua suposta existência ter sido a principal motivação para a guerra. - Eles viram que o Iraque, com sua postura anti-sionista, era uma ameaça para seus objetivos e complôs ilegais para controlar a nação árabe como primeiro passo para controlar o mundo - disse a voz atribuída a Saddam. - Agora que tudo foi revelado, gostaria que vocês, iraquianos, perguntem aos invasores: 'Onde estão as armas que vocês acusavam o Iraque de esconder e que vocês usaram como pretexto para travar uma guerra de agressão contra nosso país?. Discursando a militares em Ohio, Bush não fez referência direta à situação no Iraque, onde os soldados norte-americanos sofrem ataques diários que já mataram 26 militares desde 1° de maio, quando o presidente declarou o fim da fase de combates. Washington acusa simpatizantes de Saddam pelas agressões. Ele falou de forma mais genérica sobre a guerra ao terrorismo desencadeada após os atentados de 2001 e que já resultou em missões militares no Afeganistão, nas Filipinas, na Georgia e no próprio Iraque. - Nossa nação ainda está em guerra. Os inimigos da América tramam contra nós. E muitos de nossos concidadãos ainda estão servindo, se sacrificando e enfrentando o perigo em lugares distantes - afirmou, numa aparente tentativa de reforçar a confiança popular nas missões militares, em declínio, segundo as pesquisas. Muitos iraquianos não ouviram a mensagem atribuída a Saddam, e os poucos com parabólicas que captam a Al Jazeera não pareceram muito interessados. - Não nos importa se é Saddam ou se são os norte-americanos que estão nos governando. Queremos água, eletricidade, segurança e estabilidade - disse o cliente de uma barbearia, que pediu anonimato. Os Estados Unidos oferecem 25 milhões de dólares por pistas que levem à captura de Saddam ou à comprovação de sua morte. Seus filhos, Uday e Qusay, também estão com a cabeça a prêmio. Os Estados Unidos sofreram uma nova baixa na noite de quinta-feira, quando um franco-atirador matou um soldado que vigiava o Museu Nacional de Bagdá. Outro militar ficou ferido em uma explosão na sexta-feira. Perto de Balad, 90 quilômetros a noroeste da capital, os norte-americanos disseram ter "derrotado uma emboscada" e matado "todos os agressores." Um porta-voz militar disse que foram 11 iraquianos mortos. Horas antes, 16 soldados dos EUA haviam ficado feridos por morteiros lançados contra uma base logística nos arredores de Balad. Esses ataques acabaram dando um tom sombrio à celebração do 4 de Julho dos civis e militares norte-americanos no Iraque, que contou com a presença do ator Arnold Schrwenegger. Parodiando uma fala famosa de um de seus filmes, o ator foi muito aplaudido ao dizer aos militares: - Parabéns por terem dito 'Hasta la vista, baby' a Saddam Hussein.

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo