Rússia mostra sua presença na crise dos mísseis norte-coreanos

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Publicado Domingo, 27 de Agosto de 2017 às 12:41, por: CdB

A Rússia manda, assim, uma mensagem aos norte-americanos, que tentam comandar a situação desequilibrada da região: “Estamos aqui”.

 

Por Redação, com Sputniknews - de Moscou

 

No pano de fundo das manobras conjuntas de Seul e Washington, as chamadas Ulchi Freedom Guardian, que Pyongyang considera como ensaio para uma intervenção militar, a Rússia mostra em ações diretas os seus interesses na região da península da Coreia.

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Tropas norte-coreanas realizam exercícios, sob a atenção da Rússia, China e EUA

Bombardeiros estratégicos russos Tu-95MS realizaram, nas últimas 48 horas, voos de rotina sobre o mar do Japão, também conhecido como mar do Leste; o mar Amarelo e o mar da China Oriental. Ou seja, contornaram a península da Coreia. Os bombardeiros foram acompanhados por caças Su-35S e aviões-radar A-50. Foi a maior escolta ultimamente realizada pela líder da antiga União Soviética.

Os voos foram efetuados de acordo com as leis internacionais. Os espaços aéreos de outros países não foram violados. No entanto, os aviões russos levantaram interesse por parte dos militares sul-coreanos e japoneses. Segundo o analista geopolítico da agência russa de notícias Sputnik Aleksandr Khrolenko, a Força Aeroespacial russa avaliou o possível teatro de operações.

A Rússia manda, assim, uma mensagem aos norte-americanos, que tentam comandar a situação desequilibrada da região: “Estamos aqui”.

Armagedom móvel

As aeronaves da aviação estratégica efetuam regularmente voos sobre águas neutras. Mas não é frequente ver os Tu-95SM realizarem voos acompanhados por caças e aviões de radar. A "escolta" mostrou o alto nível de preparação dos sistemas de designação de alvos; das armas de ataque e da cobertura de caças em missões de importância estratégica.

O avião A-50U está equipado com o sistema de radar Shmel. A aeronave pode detectar alvos à distância de 300 a 600 km. A atual versão inclui um sistema de comando do radar totalmente digital; um cockpit de conforto aumentado e adaptado para patrulhas do espaço aéreo de longa duração. Além disso, o A-50U se distingue do seu antecessor por sua maior autonomia de voo.

Os Tu-95MS, por sua vez, são bombardeiros estratégicos capazes de transportar mísseis de cruzeiro de longo alcance tipo ar-ar. A produção em série do avião teve início em 1981 e esta é a modificação mais aperfeiçoada do bombardeiro estratégico Tu-95 da era soviética.

Sem inércia

O míssil de cruzeiro Kh-55SM (código da OTAN — AS-15В Kent) entrou em serviço em 1987. Ele pode atingir alvos à distância até 3000 quilômetros. O peso do míssil é de 1500-1700 quilos. Em condições de combate, o bombardeiro pode destruir várias cidades do inimigo não entrando na sua zona de defesa antiaérea.

Falando dos caças Su-35S, vale destacar que estes são capazes de desviar o jato de reação na direção requerida graças à mobilidade da boca do motor. Em outras palavras, o piloto dirige o avião não só com o uso das flaps, mas também por meio dos fortes jatos de reação. Isto permite ao avião mudar sua direção, altitude de voo e posição no ar de maneira rápida e quase sem efeito de inércia.

Aproveitando sua vantagem em manobrabilidade, o Su-35 pode rapidamente se aproximar da cauda do inimigo e derrubá-lo com um ataque preciso. Ademais, o moderno complexo de bordo de luta radioeletrônica e a alta velocidade da aeronave ajudarão a aumentar a distância e a evitar os mísseis do inimigo.

Reação forçada

Como sublinha Khrolenko, o potencial do grupo aéreo russo sobre os mares do Japão, Amarelo e da China Oriental faz alusão ao "Armagedom móvel”. Ele torna o possível teatro de operações um "livro aberto".

O mar do Japão (mar do Leste) é um mar interno da Rússia, Coreia do Norte, Coreia do Sul e Japão. As ameaças crescentes dos EUA, país que não faz parte da região, contra Pyongyang; além das manobras em grande escala, suscitam preocupações dos jogadores legítimos da região: a China e a Rússia.

“Moscou não pode deixar sem atenção as promessas dos EUA de ‘pôr em ordem’ mais um governo indesejável, que fica muito perto da cidade russa de Vladivostok. De qualquer maneira, a Rússia tem que reagir à ameaça de um possível conflito armado de grande escala perto do seu território”, afirma o analista.

Ação pela paz

Contudo, é a Rússia que apela à Coreia do Norte para não reagir às manobras dos EUA e Coreia do Sul. E Pyongyang tem atendido os pedidos de Moscou pela paz, ao menos aparentemente. Não tem ido além de fazer declarações sobre a "vingança impiedosa" contra os EUA.

Fotos recentemente publicadas pela agência norte-coreana KCNA com Kim Jong-un e cartazes que supostamente mostram novos mísseis norte-coreanos provocaram preocupações na mídia internacional. No entanto, sublinha Khrolenko, Kim Jong-un é um político de mente sóbria. Ele usa as armas nucleares como fator de contenção de Washington. Todo o mundo sabe que um ataque preventivo norte-coreano receberá um ataque em resposta por parte dos EUA.

Provavelmente, resume o autor, o problema nuclear da Coreia do Norte apenas pode ser resolvido por meio de negociações com Pyongyang. Mas, até hoje, os norte-coreanos apenas observaram atitudes hostis da parte dos EUA. O governo de Donald Trump tenta “mobilizar todo o mundo contra a Coreia do Norte”, conclui.

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