Rússia fecha acordo com Iraque para exploração de petróleo

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Publicado Sábado, 18 de Janeiro de 2003 às 10:23, por: CdB

O Iraque assinou um contrato multibilionário com companhias russas para o desenvolvimento de instalações de petróleo no Deserto Ocidental iraquiano, deixando de lado empresas francesas. As relações entre a Rússia e o Iraque andaram abaladas na frente econômica, depois que os iraquianos cancelaram um importante contrato petroleiro com uma empresa russa em dezembro último. Mas o Iraque, nesta sexta-feira, assinou um contrato com a empresa russa Stroitransgaz, no valor de 3.4 bilhões para o desenvolvimento do bloco quatro na região iraquiana do Deserto Ocidental. Os iraquianos tabém rubricaram um projeto de acordo com a empresa russa Zarubezheneft, sobre a gigantesca instalação petroleira de Bin Umar , segundo a agência Reuters. A notícia dos novos acordos com os russos causou um verdadeira choque na poderosa empresa francesa Totalfinaelf, que já tinha rubricado um acordo também de US$ 3.4 para as instalações de Bin Umar, junto com outro grande projeto, o de Majnoon. O contrato com a Soyuzneftegaz visa à extração de 100.000 barris por dia no campo de Rafidain, no sul do Iraque, e com a Tatneft para o bloco nove no Deserto Ocidental. Os acordos, assinados pelo vice-ministro da Energia Ivan Matlashov e o subsecretário do Ministério do Petróleo iraquiano Hussein al-Hadithi, dá novo impulso as relações políticas do Iraque com a Rússia, em um momento em que Bagdad tenta garantir mais apoio internacional para impedir um ataque militar aos Estados Unidos. A Rússia é o país mais próximo do Iraque e ocupa crucial posição no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Segundo os analistas, o acordo petroleiro representa um esforço iraquiano para obter mais apoio na ONU. "Interpretaria esses acordos como um esforço desesperado do Iraque para não perder o já escasso apoio que possa reunir na ONU", dise Paul Collison, analista de energia do Brunswick UBS Warburg, em Moscou, segundo a Reuters. Os acordos são anunciados pouco depois de o Iraque ter cancelado os valiosos contratos com os russos para seu maior projeto, o de Qurna ocidental. Os direitos de exploração do projeto vinham sendo reservados para a LUKOIL até meados de dezembro, quando o Iraque puxou o tapete da companhia russa, alegando que falhara em cumprir o acordo, por não ter iniciado como era previsto os trabalhos de desenvolvimento. Matlashov disse haver agora esperança de que as negociações com a LUKOIL sejam retomadas. "A porta ainda está aberta para a LUKOIL", disse ele a jornalistas após a assinatura dos contratos nesta sexta-feira em Moscou. "Não queremos que o Iraque dê esse contrato a nenhuma outra companhia". Hadithi por sua vez afirmou que o Iraque adiara uma decisão a esse respeito tanto para a empresa russa como para empresa de qualquer outro país. Porém ressaltou que as empresas russas "terão prioridade para a assinatura de contratos com o Iraque". As reservas de petróleo do Iraque são as segundas maiores do mundo, ficando atrás apenas da Arábia Saudita, e evidentemente atraem a atenção de empresas tanto na Rússia e na França como na Grã-Bretanha, China, Turquia, Espanha, Itália, Canadá, Vietnã, Coréia do Sul e Malásia. As resoluções das Nações Unidas proibem qualquer investimento no Iraque até que sejam levantadas as sanções decorrentes da Guerra do Golfo, em 1991. Hadithi disse estar confiante de que a Stroitransgaz começará o trabalho mesmo durante o atual embargo. Matlashov, contudo, fez a ressalva de que o trabalho de implementação ainda depende "das atuais condições" que a comunidade internacional está vivendo, uma declaração interpretada como referência às sanções existentes.

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