Rússia: ataques destroem equipamentos militares do EI

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Publicado Quinta, 01 de Outubro de 2015 às 07:06, por: CdB
Por Redação, com agências internacionais - de Beirute/Moscou:

Porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, o general Igor Konashenkov, afirmou que caças russos não atacaram instalações civis ou suas redondezas na quarta-feira.

Caças militares russos executaram 20 missões de combate atacando pelo menos oito alvos do Estado Islâmico localizados nas regiões montanhosas, afirmou o Ministério da Defesa russo.

– Como resultado dos ataques, depósitos de munição e combustível, equipamento militar pesado, assim como postos de comando nas áreas montanhosas, foram destruídos – afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, o general Igor Konashenkov.

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Caças militares russos executaram 20 missões de combate atacando pelo menos oito alvos do Estado Islâmico

Konashenkov declarou que todas missões foram executadas após extenso reconhecimento e coordenação com o exército sírio. O general afirmou ainda que os caças russos não alvejaram instalações civis e suas vizinhanças.

Na manhã de quarta-feira, o presidente russo Vladimir Putin pediu a permissão do Conselho da Federação russo para usar as Forças Armadas russas fora do país. O Senado russo aprovou este pedido por unanimidade.

Pouco depois se tornou público que as Forças Aeroespaciais russas deram início à operação aérea contra os terroristas do Estado Islâmico na Síria.

Vários grupos como alvo O Kremlin informou nesta quinta-feira que os ataques aéreos russos na Síria têm como alvo uma lista de conhecidas organizações terroristas, e que ainda é cedo para dizer se o presidente Vladimir Putin está satisfeito com a campanha até o momento. Falando um dia após o início da campanha de ataques russos contra o que o Kremlin chamou de alvos extremistas islâmicos na Síria, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse: "Essas organizações (na lista de alvos) são famosas e os alvos são escolhidos em coordenação com as Forças Armadas da Síria". [embed]https://www.youtube.com/watch?t=3&v=s_h8YISqJRQ[/embed] Quando perguntado se Putin estava satisfeito com a maneira que a campanha aérea russa estava se desenvolvendo, Peskov disse: "É muito cedo para falar disso". Os ataques russos na quarta-feira representaram sua maior intervenção no Oriente Médio em décadas e levou a guerra civil, que já dura quatro anos, a uma nova fase, à medida que Putin demarcou sua influência na instável região. EUA e aliados europeus

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Moallem, chamou os bombardeios dos franceses na Síria de "violação do direito internacional e da soberania do país" e saudou a iniciativa da Rússia de estabelecer uma coalizão regional.

– As ações da Grã-Bretanha e da França no espaço aéreo da Síria representam uma clara violação da carta do direito internacional da ONU. São também uma flagrante violação da soberania nacional da Síria – disse o ministro.

As autoridades francesas não partilham a posição da Rússia sobre a Síria, mas têm a intenção de continuar o diálogo. Isto foi afirmado pelo primeiro-ministro Manuel Valls. "Como pode alguém que é culpado nesta situação participar na determinação do seu futuro? Nós não concordamos com a Rússia no que diz respeito ao processo de transição, que não pode ter lugar com a participação de Bashar Assad. Mas este é o nosso dever, continuar o diálogo", disse ele.

Portanto, a França está obviamente muito insatisfeita com o fato de ninguém na coalizão contra o Estado Islâmico consultar os parceiros europeus. Os EUA e a Rússia estão se movendo para a cooperação bilateral neste questão.

A Rússia tem oficialmente avisado os parceiros (em particular a Grã-Bretanha, a Índia, os EUA e a Turquia) sobre os planos de lançar uma operação militar na Síria. A Rússia é o único país que realiza uma operação militar na Síria numa base legítima, a pedido das autoridades daquele país.

Alvos de ataques A Força Aérea russa lançou na quarta-feira os primeiros bombardeios na Síria, desencadeando uma série de reações internacionais. O secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, disse que aparentemente os ataques aéreos foram realizados em áreas onde é provável que não haja membros do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI), apesar de Moscou afirmar o contrário. Carter fez o comentário numa coletiva de imprensa no Pentágono, na qual forneceu poucos detalhes sobre os ataques, mas disse que eles indicam uma contradição na abordagem da Rússia. Moscou justifica os bombardeios como uma resposta a um apelo direto de Damasco e uma tentativa de conter o avanço do EI. O secretário norte-americano afirmou que os russos não deveriam estar apoiando o presidente sírio, Bashar al-Assad, e que suas manobras militares são uma "falácia" e estão "fadadas ao fracasso". Ele também se disse desapontado com o fato de Moscou não ter usado canais formais para notificar os EUA sobre os ataques. Carter anunciou que encaminhará autoridades militares americanas para um encontro com homólogos russos "assim que possível", com o objetivo de discutir maneiras de certificar que Moscou não entre em conflito na Síria. Ele disse que espera que as conversas, a serem realizadas nos próximos dias, sejam "muito construtivas". O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse ao Conselho de Segurança da ONU que Washington aprova o interesse da Rússia em atingir posições do "Estado Islâmico", mas que ações em apoio a Assad minam uma solução política para o conflito. "O EI não poder ser derrotado enquanto Bashar al-Assad continuar sendo presidente da Síria." Também se dirigindo ao Conselho de Segurança da ONU, o ministro do Exterior britânico, Philip Hammond, disse ser muito importante que a Rússia confirme se os ataques desta quarta-feira foram direcionados a alvos do EI e de afiliados da Al Qaeda, e não de opositores moderados do regime Assad. O ministro do exterior francês, Laurent Fabius, disse que, se os ataques aéreos russos tiverem como alvo rebeldes sírios moderados, isso impediria que a França colaborasse com Moscou. Fabius afirmou que as autoridades estavam verificando os alvos dos bombardeios. Fabius também pediu que as forças do regime sírio parassem com "ataques indiscriminados" a civis e assinalou que não há espaço para Assad no futuro da Síria. No final do dia, Khaled Khoja, líder da Coalizão Nacional Síria, principal grupo de oposição apoiado pelo Ocidente, afirmou que os ataques russos desta quarta-feira mataram 36 civis e nenhum combatente rebelde. Moscou está "usando sua força militar para apoiar a guerra do regime Assad contra civis e corre o risco de se envolver em crimes de guerra", disse – A Rússia não pretende atacar o EI, mas prolongar a vida de Assad – disse Khoja à agência de notícias Reuters. Ele afirmou estar escrevendo ao Conselho de Segurança da ONU para pedir uma ação urgente. EUA x Rússia Moscou e Washington divergem sobre as causas da guerra civil síria. Para os russos, a ingerência internacional, da invasão do Iraque à Primavera Árabe, é responsável; para os norte-americanos, o maior culpado é Assad e seu regime repressor. Putin diz que Assad deve fazer parte da coalizão que luta contra o "Estado Islâmico". Obama e seus aliados, por sua vez, argumentam que Assad pode permanecer no poder a curto prazo, mas que seria essencial uma transição de regime na qual ele não teria papel duradouro. Uma coalizão liderada pelos EUA tem bombardeado alvos do "Estado Islâmico" na Síria há cerca de um ano, enquanto uma coalizão separada, composta por alguns dos mesmos países, ataca extremistas no vizinho Iraque. Nesta quarta-feira, Putin recebeu autorização do Parlamento para a realização de uma intervenção militar na Síria. Horas depois, a imprensa americana começou a noticiar bombardeios nos arredores de Homs, onde o "Estado Islâmico" tem áreas sob seu domínio. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os ataques aéreos não vão ser expandidos para o Iraque. O governo russo também garante que a autorização dada pelo Parlamento é uma formalidade e não significa que as forças russas vão participar do conflito por terra, mas apenas com bombardeios aéreos pontuais. A autorização, no entanto, foi a mesma obtida por Putin antes da invasão da Crimeia, em março de 2014, que abriu a maior disputa entre Ocidente e Rússia desde a Guerra Fria.
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