RTP: “Quem se opõe a Relvas acaba por se tramar”

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Publicado Sábado, 08 de Dezembro de 2012 às 21:51, por: CdB

Para o coordenador do Bloco de Esquerda, “a RTP é duplamente uma privatização em que o fanatismo ideológico está bem claro”. João Semedo acusa o governo de querer apressar a privatização da TAP e da ANA “para disfarçar o buraco das contas públicas e o falhanço da sua política”. Artigo |9 Dezembro, 2012 - 04:40 Foto de Manuel de Almeida, Lusa.

João Semedo, que se deslocou este sábado a Braga, onde participou numa sessão pública intitulada “Governo de Esquerda”, defendeu que “a RTP é duplamente uma privatização em que o fanatismo ideológico está bem claro”, sendo que “num Estado democrático e moderno, a formação, a educação e a cultura de uma sociedade exigem um serviço público de televisão”.

O Bloco continuará a lutar por um “serviço público de televisão, que é incompatível com a privatização da televisão”, garantiu.

João Semedo afirmou ainda que “todos aqueles que se opõem ao plano de Miguel Relvas de privatizar a RTP acabam por se tramar”. O caso do ex diretor de informação da RTP, Nuno Santos, alvo de um processo disciplinar, “demonstra bem que não há qualquer respeito pela liberdade de opinião”.

“O antigo director de informação da RTP esteve no parlamento, foi ouvido no parlamento, usou da mesma liberdade de opinião que uns dias antes o presidente do Conselho de Administração também utilizou. É assim a democracia. É inaceitável que quem seja ouvido no parlamento seja depois punido apenas porque cometeu um crime de opinião. Nós não aceitamos que a democracia, as liberdades possam ter crimes de opinião”, rematou João Semedo.

Governo privatiza TAP e ANA para disfarçar o buraco das contas públicas

O coordenador do Bloco de Esquerda sublinhou que “não há transparência” no processo de privatização da TAP e da ANA.

“O governo precisa de receitas e já denunciou aos potenciais compradores das nossas empresas públicas – da ANA e da TAP - que tem pressa em obter receitas para disfarçar o buraco das contas públicas e o falhanço da sua política”, avançou João Semedo, lembrando que o único “comprador para a TAP, sabendo que o vendedor está com pressa, reduziu hoje a sua proposta”.

O dirigente bloquista salientou ainda que “a TAP será vendida por 1,5 mil milhões de euros e no final desta operação as contas públicas acolherão apenas 20 milhões de euros”.

Já com a ANA “o negócio é diferente”, esclareceu João Semedo, referindo que “há vários candidatos, há um candidato que está em melhor posição do que outros, mas o governo fará primeiro uma outra operação financeira”.

Essa operação consiste, segundo o deputado do Bloco de Esquerda, em “vender à ANA aquilo que a ANA já tem, que é a exploração de aeroportos”.

“O Estado vai vender a posição do Estado na ANA e só depois vai privatiza-la”, adiantou João Semedo, alertando que “este truque contabilístico pode não ser aceite pela União Europeia (…) e então o governo tem outro problema, já que nem com esta receita extraordinária conseguirá equilibrar o défice e cumprir aquilo que, há alguns meses, acordou com a troika”, que é não ultrapassar os 5% de défice.

O coordenador do Bloco de Esquerda deixou ainda bem claro que, ao contrário do Partido Socialista, que apenas defende a suspensão da privatização da TAP e da ANA, o Bloco é “contra a privatização destas duas empresas estratégicas para o desenvolvimento económico do país e que, sendo bem geridas, podem gerar uma receita para o Estado para que este financie a economia e o Estado Social".

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