Revogação de concessões de rádio e TV na Turquia inspira o Brasil

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Publicado Terça, 19 de Julho de 2016 às 11:01, por: CdB

Principal emissora do país, a Rede Globo conseguiu renovar suas concessões de rádio e TV até 2022, em uma decisão do presidente de facto, Michel Temer, mas a medida poderá ser revista

 
Por Redação, com agências internacionais - Ancara e Brasília
  As empresas concessionárias de emissoras de rádio e TV que participaram do golpe de Estado, na Turquia, tiveram as concessões revogadas, nesta terça-feira, segundo nota divulgada pela agência turca de notícias Anadolu. A agência responsável pelas autorizações ainda não liberou a lista de canais penalizados. Segundo a Anadolu, o Conselho Supremo de Rádio e Televisão aprovou, por unanimidade, a revogação das permissões para "qualquer emissora de rádio ou televisão ligada ou que apoie" o grupo relacionado ao clérigo Fetullah Gulen. A medida do Conselho teve repercussão no Brasil, onde outro golpe em curso, organizado no Parlamento, recebe o patrocínio da mídia hegemônica.
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Nas manifestações pela volta da democracia, no Brasil, a Globo é apontada como golpista
Principal emissora do país, a Rede Globo apoiou o golpe militar de 1964 e, agora, alia-se ao golpe em curso, no país. No primeiro, conseguiu a concessão para estabelecer seus canais de TV no país e, agora, conseguiu renovar suas permissões até 2022, em uma decisão do presidente de facto, Michel Temer. Mas, caso a presidenta Dilma Rousseff seja reconduzida ao cargo, em votação que ocorrerá em agosto próximo, no Senado, essa medida poderá ser revista. Deputada federal e uma das principais incentivadoras do processo de democratização da mídia, Jandira Feghali (PCdoB) propõe que esse processo seja revisto — A concentração midiática fere princípios de nossa Constituição e nubla toda a diversidade de opinião que existe em nosso país. Graças à Ditadura, a Globo é o que é hoje. A renovação de uma concessão pública dada por Temer é a fatura do apoio da emissora à derrubada de Dilma (e sem consultar ninguém).

Concessões cassadas

A associação turca de jornalistas disse que está discutindo a norma, e ainda não pode comentá-la. Aqui, no Brasil, reina o silêncio nas instituições que deveriam questionar a participação de canais de rádio e TV em golpes de Estado. Embora o encerramento das concessões a empresas golpistas signifique um retrocesso aparente para o campo democrático, segundo organizações ocidentais de defesa da liberdade de imprensa, torna-se um escudo para o Estado democrático, segundo o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan, uma vez que estas empresas de comunicação estavam ligadas aos militares que tentaram e fracassaram no golpe da última sexta-feira. Quatro dias após a tentativa de golpe e o governo Erdogan amplia o expurgo de milhares de funcionários, iniciado no sábado. Nesta manhã, ainda segundo a agência Anadolu, o Ministério da Educação afastou 15,2 mil funcionários por suspeita de envolvimento com o grupo responsável pelo levante que deixou mais de 200 mortos, em todo o país. Os novos expurgos atingem mais de 300 funcionários do gabinete do primeiro-ministro do país, em um órgão religioso e no setor de inteligência. As exonerações, muitas vezes seguidas de prisão, como no caso dos generais e almirantes supostamente envolvidos no movimento golpista, voltaram a ocorrer nas primeiras horas do dia. Segundo primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, não se trata de um "espírito de vingança" contra os golpistas. - Uma coisa assim é absolutamente inaceitável no Estado de direito — disse ele.
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