Ressaca eleitoral piora o humor de base governista na Câmara

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Publicado Quinta, 07 de Outubro de 2004 às 15:46, por: CdB

A ressaca pós-primeiro turno das eleições municipais trouxe um novo problema ao governo no Congresso. Se a reorganização das forças aliadas no Senado era dada como certa, parece que o Palácio do Planalto também terá algum trabalho pela frente com os deputados.

O ressentimento dos deputados da base governista foi trazido à tona em um café da manhã entre líderes dos partidos aliados na residência do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). A reforma política, que era o tema principal do encontro, acabou ficando em segundo plano.

As principais reclamações são a falta de assistência do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às demandas dos parlamentares sobre a liberação de recursos de emendas, e a intransigência nas negociações políticas na Casa.

- Em relação ao presidente Lula, está tudo tranquilo, já em relação aos ministros pode haver um certo descontentamento sobre alguns pleitos não atendidos - afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP).

Os deputados têm reclamado com frequência sobre a lentidão da liberação de recursos dos ministérios da Saúde, Cidades, Integração Nacional e Transportes. A campanha do primeiro turno, que registrou enfrentamentos entre partidos governistas em diversas cidades, não ajudou nada este cenário.

Para tentar reverter o quadro, foi marcada uma reunião com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, na semana que vem para discutir o realinhamento da base e elaborar uma estratégia para melhorar o ambiente de votações na Câmara. Os trabalhos da Câmara estão obstruídos por 17 medidas provisórios, e a partir de 15 de outubro outras duas se juntam a essa lista.

Mas como a avaliação do governo é que esse tipo de rebelião "eleitoral" é passageira e normal, o Palácio Planalto vai procurar num primeiro momento tratar do problema com muita conversa e não com o aumento da liberação de recursos de emendas parlamentares.

Segundo relatos de participantes do café da manhã, os partidos que cobraram melhor tratamento do governo devido aos problemas internos foram PPS, PTB, PMDB e PL. Os deputados que estiveram no encontro citaram o líder do PPS na Câmara, Júlio Delgado (MG), como um dos mais insatisfeitos na reunião.

O partido tem sido um reiterado crítico do governo, em especial o deputado Roberto Freire (PE), presidente do partido, apesar de o PPS ter o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) no primeiro escalão do governo.

Renato Casagrande (ES), líder do PSB na Câmara, classificou como arrogância o tratamento dado pelo Executivo ao Congresso. "Ao governo falta humildade no trato com o Congresso", resumiu.

Vários deputados, porém, admitem que essas reclamações são comuns no pós-eleição e o "mau humor" tende a se diluir com o tempo.

- Somos aliados do governo e vamos continuar ajudando o governo", disse o líder do PTB, deputado José Múcio, acrescentando um alerta: Mas quem retrata a posição do partido é o painel (de votações). Quando o partido está descontente, os deputados não seguem a orientação, votam conforme sua disposição.

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