Repressão síria pode provocar sectarismo, diz embaixador dos EUA

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Publicado Quinta, 22 de Setembro de 2011 às 09:51, por: CdB

Repressão síria pode provocar sectarismo, diz embaixador dos EUA

AMÃ (Reuters) - O presidente da Síria, Bashar al-Assad, está perdendo apoio entre eleitores-chave e arrisca provocar um conflito sectário no país ao intensificar a violenta repressão aos manifestantes pró-democracia, disse o embaixador dos Estados Unidos em Damasco nesta quinta-feira.

O tempo está contra Assad, disse à Reuters Robert Ford, em uma entrevista por telefone desde Damasco, citando a resiliência de mais seis meses do que descreveu como manifestações pacíficas exigindo maior liberdade política.

Ford disse que há um mal-estar econômico na Síria, sinais de dissidência dentro da seita minoritária alauíta, de Assad, e novas deserções no Exército desde meados de setembro, mas os militares "ainda estão muito poderosos e coesos".

"A violência do governo está na verdade provocando retaliação e criando ainda mais violência, na nossa análise, e também está aumentando o risco de um conflito sectário", afirmou Ford.

"Eu não acho que o governo sírio hoje, 22 de setembro, esteja perto do colapso. Acho que o tempo está contra o regime, porque a economia se dirige para uma situação mais difícil, o movimento de protesto continua e pouco a pouco os grupos que costumavam apoiar o governo começam a mudar."



Ford citou um comunicado emitido na cidade de Homs no mês passado por três membros notáveis da comunidade alauíta, à qual pertence a família de Assad, no qual diziam que o futuro dos alauítas não está ligado à permanência dos Assads no poder.

"Não vimos acontecimentos como esse em abril ou em maio. Acho que, quanto mais isso durar, mais difícil será para as diferentes comunidades, os diferentes elementos da sociedade síria que costumavam apoiar Assad, continuar a apoiá-lo."



Ele afirmou que Assad ainda pode contar com os militares para reprimir o movimento de protesto, mas que a morte de manifestantes pacíficos está reduzindo o apoio ao presidente.

"O Exército sírio ainda é muito poderoso e muito forte", afirmou Ford. "Sua coesão não está sob risco atualmente, mas há mais notícias de deserções a partir de meados de setembro do que ouvimos em abril e maio ou junho. E é por isso que digo que o tempo não está a favor do governo."



(Reportagem de Khaled Yacoub Oweis)

Reuters

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