Representante da ONU denuncia 'fraude generalizada' nas eleições afegãs

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Publicado Domingo, 11 de Outubro de 2009 às 14:00, por: CdB

Enviado especial da Organização das Nações Unidas (ONU) ao Afeganistão, Kai Eide denunciou neste domingo uma "fraude generalizada" nas eleições presidenciais de 20 de agosto no país. Em entrevista coletiva em Cabul, o chefe da missão da ONU no Afeganistão admitiu que o processo eleitoral foi "difícil, com muitos problemas".

– O alcance desta fraude está sendo analisado agora. Não há forma de saber neste momento que nível de fraude houve. Só posso dizer que foi uma fraude generalizada – declarou.

O diplomata norueguês afirmou que "qualquer dado concreto" que apresentasse agora sobre o impacto da fraude no resultado eleitoral seria "pura especulação", já que, nos últimos dias, a Comissão Eleitoral começou a fazer uma recontagem parcial dos votos por causa das denúncias de irregularidades. Os resultados provisórios, anunciados em setembro, deram ao atual presidente, Hamid Karzai, uma vitória folgada. Mas a nova apuração deve resolver as irregularidades em mais de 10% dos colégios eleitorais.

A missão de observadores da UE enviada para acompanhar a eleição afegã anunciou no mês passado a identificação de 1,5 milhão de votos "suspeitos", dos quais 1,1 milhão favoreceriam Karzai. No último dia 30, a ONU demitiu o chefe adjunto de sua missão no Afeganistão, o americano Peter Galbraith, após um desentendimento com Eide sobre a maneira como administrou as acusações de fraude durante as eleições de 20 de agosto no país.

Galbraith, ex-embaixador dos Estados Unidos na Croácia e aliado de Richard Holbrooke, um dos principais nomes dos EUA para o Afeganistão e Paquistão, irritou seu chefe norueguês com declarações consideradas agressivas sobre as acusações de fraude nas eleições presidenciais afegãs de 20 de agosto.

Relatório sombrio

A ONU calcula que 1,5 mil civis afegãos morreram nos primeiros oito meses de 2009 e que o mês mais sangrento para a população civil foi agosto, que coincidiu com a realização das eleições presidenciais, segundo um relatório enviado à imprensa, neste domingo. O relatório atribuiu 68% das vítimas civis a "elementos antigovernamentais", em alusão à insurgência, frente aos 23% de vítimas das forças internacionais e afegãs, sobretudo em bombardeios.

Os números não incluem o ataque aéreo ordenado pelas tropas alemãs em setembro na província de Kunduz, que matou 30 civis, de acordo com autoridades afegãs. Em 2008, 2.118 mil civis morreram por causa do conflito, quase 40% a mais que no ano anterior. Na política, Ban Ki-moon reconheceu que "o nível de supostas irregularidades eleitorais originou uma significativa turbulência política que gera o temor por um retorno da violência quando os resultados (finais) forem anunciados".

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