Renúncia põe fim a 30 anos de vida pública para Jospin

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Publicado Segunda, 06 de Maio de 2002 às 20:57, por: CdB

O primeiro-ministro da França, Lionel Jospin, apresentou nesta segunda-feira, ao presidente reeleito Jacques Chirac, a sua renúncia e a de todo o governo, em conformidade com a decisão de abandonar a política, tomada há 15 dias. Jospin formalizou a renúncia coletiva durante uma visita rápida, de 13 minutos, ao Palácio do Eliseu, encerrando, assim, 30 anos de vida pública. Motivada pela surpreendente derrota sofrida para o ultradireitista Jean-Marie Le Pen no primeiro turno das eleições presidenciais, em 21 de abril, a atitude de Jospin abriu caminho para que Chirac escolhesse um novo chefe de Governo entre os conservadores, Jean-Pierre Raffarin. Jospin aguardou apenas a confirmação da reeleição de Chirac para oficializar sua decisão. Depois de mais de três décadas na política francesa, na qual entrou como militante do Partido Socialista em 1971, Jospin amargou um vexatório terceiro lugar nas eleições presidenciais, sendo superado por um candidato da direita e outro da extrema-direita. Jospin assumiu como primeiro-ministro em junho de 1997, depois das eleições legislativas antecipadas daquele ano. Já em 2002, a confiança no primeiro-ministro francês, o respeito aos compromissos assumidos, a responsabilidade, a simplicidade e a transparência não lhe deram os resultados esperados, ou seja, avançar ao segundo turno. Durante a campanha, chegou a chamar Chirac de "velho e surrado", o que o levou a declarar uma semana depois que lamentava o que havia dito. Apoiando-se em vários exemplos dos últimos cinco anos, seus adversários lhe atribuíram falta de sangue frio; o premier defendeu-se alegando sua "honradez" frente ao "cinismo" de Chirac. "Eu sou um dogmático que evolui, um austero que ri, um protestante ateu", declarou em 1999. Como ex-aluno da Escola Nacional de Administração (ENA) e ex-trotskista, soube mostrar uma certa capacidade de adaptação. Como primeiro-ministro, adepto do "realismo de esquerda", revelou-se pragmático, impondo a semana de trabalho de 35 horas aos patrões, mas privatizando mais empresas estatais do que a direita havia feito antes. Encabeçando no poder a "esquerda plural" (socialistas, comunistas, ecologistas), Jospin teve muito trabalho de "equilíbrio". Jospin nasceu no dia 12 de julho de 1937 em Meudon, a sudoeste de Paris, em uma família protestante e socialista. A partir de 1973, ocupou diversas funções na secretaria nacional do Partido Socialista. Foi deputado e vereador de Paris, além de membro do Parlamento Europeu. A partir de 1986, foi deputado, reeleito em 1998, derrotado em 1993 e novamente eleito em 1997. Também foi ministro de Educação Nacional no segundo governo de François Mitterrand. Após passar mais de um ano afastado da vida política, em 1994 voltou para lançar-se na corrida à presidência nas eleições de 1995, em que o vitorioso foi Chirac. Jospin tem três filhos, Hugo e Eva, de um primeiro matrimônio, e Daniel, com sua segunda esposa.

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