Relator da CPI aponta falha de controladores no acidente da Gol

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Publicado Segunda, 28 de Maio de 2007 às 16:22, por: CdB

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo, senador Demostenes Torres (DEM-GO), afirmou nesta segunda-feira que a causa principal do acidente entre o avião da Gol e o jato Legacy, em setembro do ano passado, foi o fator humano.

Na avaliação dele, depois de ouvir depoimento dos controladores de vôo que estavam em serviço no momento do acidente, em Brasília, a falha principal foi do controlador de vôo da torre de Brasília Jomarcelo Fernandes dos Santos, que é sargento da Aeronáutica.

- O Jomarcelo teve culpa maior que os demais, porque tinha como rebaixar o Legacy de 37 mil para 36 mil pés -, disse.

Segundo o senador, o inquérito da Polícia Federal sobre o caso, ao qual a CPI teve acesso, mostra gravação em que o controlador recebe dos pilotos do Legacy a informação de que, em Brasília, o avião estava a 37 mil pés, e não a 36 mil, como deveria, para evitar a colisão com o avião da Gol.

O advogado dos controladores de vôo, Normando Cavalcanti, reclamou aos jornalistas ao final da sessão da CPI da acusação prematura do senador.

- Não concordo com a opinião do relator de culpar o controlador categoricamente. Não há provas de que o Jomarcelo foi o culpado. Temos provas, pelo contrário, de que ele adotou todas as normas da Aeronáutica -, disse.

No depoimento, Jomarcelo alegou que houve falha no sistema. O controlador explicou que, durante todo o tempo, se baseou no que as telas mostravam, ou seja, 36 mil pés. O advogado também se queixou do tratamento dado aos controladores durante o depoimento.

 - Ele [o relator] não deixou eles [os controladores] terminarem as respostas. Era uma pergunta atrás da outra. Quem vai julgar realmente é o poder Judiciário. Não vai ser o Senado nem a Câmara -, criticou.

Segundo o senador Demóstenes Torres, não foi possível que os outros controladores alertassem Jomarcelo sobre o erro porque o sistema, com falha, mostrava nas telas que o avião estava a 36 mil pés. Como, minutos depois, o transponder (equipamento que previne colisões) do Legacy se desligou, os demais controladores não perceberam, naquele momento, nenhum problema.

Para o relator da CPI, a falha dos outros controladores foi não terem avisado à torre de Manaus que o Legacy voava com o transponder desligado.

-  Não tenho dúvida de que Jomarcelo teve a falha mais grave, porque não determinou esse rebaixamento e quando transferiu o serviço, não comunicou aos demais controladores que o avião estava a 37 [mil pés] -, disse.

No depoimento de Jomarcelo, o relator questionou o tempo de experiência do controlador, que respondeu realizar o serviço há um ano na época do acidente. Na opinião de Demóstenes, a experiência, nesse caso, é determinante.

Prestaram depoimento Jomarcelo e mais dois outros controladores que estavam trabalhando em Brasília no dia do acidente: os sargentos Lucivando de Tibúrcio de Alencar e Leandro José dos Santos Barros. Além deles, prestou depoimento também o sargento que estava na torre de Manaus, Francisco Roberto Agostinho Freire. Para o relator, Manaus não teve culpa de nada no acidente.

A CPI ainda ouve outros quatro militares que trabalhavam no controle de vôo na data do acidente: o coronel-aviador Eduardo dos Santos Raulino, o coordenador de supervisores, tenente Antonio Robson Cordeiro de Carvalho, e os sargentos Antonio Francisco Costa de Castro e Alexandre Xavier Barroca.
 

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