Reforma ministerial deve ser realizada em duas etapas

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Publicado Terça, 06 de Janeiro de 2004 às 06:35, por: CdB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá fazer até a próxima sexta-feira a anunciada reforma ministerial para acomodar o PMDB no primeiro escalão do governo federal. As negociações começaram nesta segunda-feira.

Assessores de Lula dizem que as mudanças deverão ser divididas em duas etapas: a primeira, mais reduzida, deverá ser feita nesta semana, e a segunda seria concluída em abril, quando alguns ministros sairão para disputar as eleições. Esse desenho está em estudo e não é definitivo.

Mais do que um motivo real para a troca de ministros, as eleições municipais seriam uma forma suave encontrada por Lula para fazer reformas mais profundas na equipe sem melindrar ninguém.

O principal objetivo imediato é dar duas pastas ao PMDB, partido que teve uma atuação fundamental para a aprovação das reformas tributária e da Previdência, no ano passado.

A reforma foi discutida por Lula ontem com os ministros que integram o chamado núcleo duro do governo: Antonio Palocci Filho (Fazenda), José Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).

Já está certo que as primeiras substituições na equipe não terão como foco mudanças administrativas que poderiam dar mais agilidade ao governo, principalmente na área social.

Além das tradicionais pastas de Educação e Saúde, essa área é composta de dois ministérios --Assistência Social e Segurança Alimentar-- e uma secretaria-executiva, a do programa Bolsa-Família.

Comunicações

Os ministros do PMDB devem substituir Miro Teixeira (Comunicações) e Olívio Dutra (Cidades), mas ainda nesta segunda-feira à tarde Lula pensava em manter os dois no governo. Miro, por exemplo, poderá ocupar a liderança do governo no Congresso no lugar do senador Amir Lando (PMDB-RO).

O problema seria como fazer isso quando Miro é do PDT, e o partido de Leonel Brizola rompeu com o governo. Miro esteve ontem com Lula, mas desconversou sobre mudanças.

A preocupação do governo é garantir que o prestígio de Miro continue em alta, já que Lula tem boa relação pessoal e profissional com o pedetista.Já Olívio Dutra é um dos ministros mais próximos do presidente e deverá ocupar um cargo de assessoria.

No lugar de Miro deverá entrar o líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE). É o único peemedebista que já recebeu um sinal direto de Lula de que será ministro. Olívio poderá ser substituído por um senador do partido. O nome mais cotado ainda é o de Garibaldi Alves (PMDB-RN).

O líder Renan Calheiros (AL) informou ao governo que não está interessado, mas é o nome da preferência do presidente do Senado, José Sarney (AP).

Com o líder fora da disputa, Sarney deve convergir também para o nome de Garibaldi, que é o preferido de Lula na bancada do PMDB. Dez dos 23 senadores do PMDB são candidatos a ocupar ministérios.

Sobrevida

O ministro Anderson Adauto (Transportes), cotado para sair em razão de seu desempenho ser considerado fraco pelo Planalto, deverá sobreviver à primeira etapa da reforma.Essa é uma forma de evitar atrito com seu partido, o PL, sigla à qual pertence o vice-presidente, José Alencar.

A ministra Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social) é outra que tem fortes chances de escapar dessa primeira mudança.

Numa segunda etapa da reforma, já paga a dívida com o PMDB, o presidente faria mudanças mais profundas, incluindo a área social. A primeira substituição seria a de Benedita. Na avaliação de assessores de Lula, a imagem da ministra ficou muito desgastada com os episódios das viagens particulares à Argentina, pagas com dinheiro público, e não há como mantê-la no cargo.

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