Reciclagem de geladeiras é beneficiada por Agência suíça

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Publicado Terça, 31 de Maio de 2011 às 00:25, por: CdB

Uma geladeira pode ser um trambolho e tanto. Mais ainda se ela tiver mais de dez anos, e apresentar entre os componentes de fabricação, o clorofluorcarbonetos (CFC), gás que destrói a camada de ozônio, usado também em freezers, aparelhos de ar condicionado e frigobares antigos, para retirar o calor do aparelhos e liberá-lo do lado de fora.

A partir de 2001 não são mais produzidas geladeiras com CFC no Brasil, porém o descarte das geladeiras antigas pode provocar danos ao meio-ambiente se não for feito adequadamente. A indústria Fox, inaugurada em Cabreúva, a 78Km de São Paulo, na sexta-feira (10), com o apoio da Agência Suíça para Cooperação e Desenvolvimento (DDC sigla em francês) e da Fundação SENS International, conta com a tecnologia adequada para reciclagem de geladeiras de maneira a preservar a camada de ozônio, já que os clorofluocarbonetos têm uma ação muito mais potente no efeito estufa, que o gás carbônico (CO2).

Processo

A ideia do engenheiro alemão Philipp Bohr, diretor da Fox, é evitar que os gases altamente poluentes sejam lançados na atmosfera, como foi feito até agora. Bohr explica que a primeira etapa da reciclagem é a retirada do CFC, transformado em uma solução ácida que posteriormente pode ser aproveitado pela indústria química. Em seguida ocorre a trituração, na qual os aparelhos antigos são moídos e os metais como alumínio, aço e cobre são separados para serem reaproveitados.

As atividades da indústria Fox vão ao encontro do que determina a política Nacional de Resíduos Sólidos que regulamenta a gestão do lixo, sancionada em agosto, no Brasil (ver box) e com o programa de troca de geladeiras, lançado pelo governo federal brasileiro, em 2009. A campanha incentiva, por meio de subsídios e financiamentos, a troca dos eletrodomésticos antigos por novos, que além de serem fabricados com o gás de efeito estufa, consomem muita energia.

Cooperação

O projeto de instalação de uma manufatura reversa em São Paulo interessou também ao governo suíço por estar em sintonia, tanto com os objetivos políticos quanto de desenvolvimento, priorizados pela DDC, e também de acordo com o Swiss Charter (ver box na coluna da direira).

“A fábrica garante a criação de novos empregos e contribui de forma relevante à proteção climática”, afirma Jürg Frieden, vice-diretor da Agência Suíça para Cooperação e Desenvolvimento. Segundo ele, os refrigeradores passam a ser descartados profissionalmente, e não em ferros-velhos, evitando assim o contato direto com o gás tóxico. Para Janine Kuriger, encarregada do Programa de Mudança Climática da DDC, um dos pontos importantes do projeto executado pela FOX é a questão social. “A mecanização do processo de reciclagem garante mais segurança ao trabalhador”, diz. Ela acrescenta que a DDC pretende investir na melhora do sistema de coleta de materiais para reciclagem e na formação dos catadores e trabalhadores envolvidos no processo.

Investimento

O órgão do governo suíço investiu 3 milhões de francos suíços (o equivalente a 5,5 milhões de reais) no projeto, cujo valor total é de 12 milhões de franco suíços (cerca de 20,5 milhões de reais). Para Jürg Frieden, outro ponto importante é o fato de o projeto servir de base para um modelo de financiamento sustentável, ancorado na venda de certificados de proteção climática por meio da comercialização de créditos de carbono e da matéria prima sobressalente. Jürg ressalta ainda que a Suíça quer intensificar o trabalho com o Brasil no campo de proteção do clima. (ouça o áudio na coluna ao lado)

A indústria Fox conta ainda com a contribuição da Fundação SENS Internacional, que tem 20 anos de experiência comprovada no descarte de lixo eletrônico, refrigeradores e freezers na Suíça em toda e Europa. A empresa trabalha no desenvolvimento de projetos cujos parâmetros estejam de acordo com a Swiss Charter (ver Box).

Desafio

Depois de instalada a fábrica, o desafio para Philip Bohr é estruturar um sistema de coleta de geladeiras velhas de maneira que cheguem até a fábrica. Ele calcula que cerca de uma milhão de geladeiras descartadas em ferros-velhos e em residências de consumidores ainda podem ser recicladas. Além dos postos de recolhimento, a Fox contará com a ajuda de concessionárias de energia, que têm programas de troca de equipamentos.

Heloísa Broggiato, São Paulo, swissinfo.ch

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