A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), aprovou em uma reunião realizada nesta quarta-feira, a portas fechadas, uma resolução que declara a Coréia do Norte em falta com salvaguardas das Nações Unidas e envia a disputa sobre o programa nuclear desse país ao Conselho de Segurança, confirmou o diretor-geral da instituição, Mohamed ElBaradei.
Na resolução, votada pelos 35 países membros da Aiea, a agência afirma que Pyongyang está em “não-concordância” com as salvaguardas da ONU na área nuclear – um termo diplomático que possibilita o envio da questão ao Conselho de Segurança.
O Conselho de Segurança tem o poder de adotar medidas contra a Coréia do Norte, incluindo sanções econômicas.
Rússia e Cuba abstiveram-se na votação, segundo uma fonte diplomática, que representa um país membro da Aiea.
“A resolução foi aprovada como elaborada e está seguindo para Nova York”, declarou o diplomata, referindo-se à sede da ONU e de seu Conselho de Segurança.
A possibilidade de impor sanções à Coréia do Norte seria uma tentativa de persuadir o país a abandonar seus planos de reativar usinas nucleares e não se retirar de tratados de não-proliferação.
Mas Pyongyang já havia advertido que sanções corresponderiam a uma declaração de guerra.
A reunião na sede da Aiea, em Viena, na Áustria, aconteceu na tarde desta quarta-feira em meio a apreensões de que o encaminhamento da questão norte-coreana ao Conselho de Segurança pudesse aumentar ainda mais as tensões.
Em Seul, na Coréia do Sul, o chefe da política externa da União Européia (UE), Javier Solana, havia declarado, antes da reunião em Viena: “Não acredito que seja o momento de impor sanções, as sanções podem contribuir para o contrário do que tentamos obter, que é atenuar a crise”.
Falando após dois dias de conversações com autoridades sul-coreanas, Solana disse que pode viajar à Coréia do Norte nas próximas semanas para discutir formas de resolver o impasse.
“Todos os vizinhos da Coréia do Norte me disseram que ‘o quanto antes, melhor’, portanto faremos isso o quanto antes”, afirmou. “É uma questão de encontrar tempo na nossa agenda”.
Mas Solana acrescentou que sua missão à Coréia do Norte dependeria do resultado da reunião desta quarta-feira da Aiea.
As tensões começaram em outubro passado, quando os Estados Unidos declararam que autoridades norte-coreanas haviam dito a diplomatas norte-americanos que estavam desenvolvendo um programa bélico nuclear em violação a um acordo de 1994. Pyongyang negou as acusações.