As executivas municipais do PSB e do PMDB, partidos que disputaram juntos o primeiro turno da eleição municipal em São Paulo, anunciaram nesta quinta-feira que não vão apoiar nem Marta Suplicy (PT) nem José Serra (PSDB) na segunda rodada de votações.
A decisão do PSB, da candidata derrotada Luiz Erundina, contraria a posição adotada pela executiva nacional da legenda, que se reuniu nesta quinta-feira em Brasília e fechou apoio à Marta.
- Tomamos uma decisão clara, transparente e estaremos com Marta Suplicy no segundo turno em São Paulo - , em Brasília, o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, um dos líderes nacionais do PSB.
Segundo ele, o partido tem por regra que nas cidades com mais de 200 mil habitantes as executivas municipais têm de seguir a orientação da executiva nacional.
Em São Paulo, no entanto, PSB e PSDB paulistanos divulgaram uma nota na qual são categóricos: "Decidimos não apoiar nenhum dos dois candidatos, deixando, porém, a decisão sobre em quem votar em aberto aos companheiros dos partidos."
A nota foi divulgada em uma entrevista coletiva que contou com a própria Erundina --que já havia expressado igual posição, também por meio de uma nota, mais cedo--, o deputado Michel Temer, candidato a vice na chapa e presidente nacional do PMDB, Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB, e José Carlos Venâncio, presidente do PSB paulistano.
Como se não bastassem as discordâncias sobre o apoio à Marta, a maior parte dos integrantes do partido que participaram da reunião da executiva municipal, ocorrida na quarta-feira, pressionou por uma decisão de apoio a Serra, disse à Reuters uma liderança do PSB, que pediu para não ser identificada.
Segundo a fonte, o partido acabou optando por tomar uma decisão de independência para seguir a linha adotada pela candidata Luiza Erundina.
Na entrevista coletiva, Erundina insistiu que a instância competente do partido havia decidido pela independência e ressaltou que a decisão de "independência" foi acatada pela direção nacional do partido.
- Eles respeitaram a minha posição e a posição do partido (em âmbito) municipal - disse Erundina, em contradição com declarações posteriores do ministro Eduardo Campos.
Temer, por sua vez, comentou o apelo feito na segunda-feira pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), por um apoio em São Paulo a Marta.
- É uma respeitável opinião de natureza pessoal, não é uma opinião de natureza político-partidária - disse Temer, acrescentando que em São Paulo, a decisão envolvia o presidente estadual, Quércia.