Protesto contra onda de ataques reúne milhares de pessoas na Turquia

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Publicado Sábado, 22 de Novembro de 2003 às 13:05, por: CdB

Milhares de pessoas participaram neste sábado de marchas de protesto na Turquia contra a recente onda de atentados com carros-bomba que deixou 55 mortos em Istambul.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou  durante o funeral de um policial que morreu ao tentar deter um dos ataques, que entre as vítimas mortais estão "quatro terroristas turcos ligados a organizações internacionais".

Erdogan confirmou assim as informações da imprensa que apontavam dois cidadãos turcos como possíveis autores dos ataques perpetrados na quinta-feira contra o consulado britânico e uma agência do banco britânico HSBC, nos quais morreram 30 pessoas, entre elas o cônsul do Reino Unido, Roger Short.

Segundo a imprensa turca, a Polícia identificou Ezad Ekinci e Feridum Ugurlu como responsáveis por esses ataques, informação que não foi confirmada por Erdogan.

Os dois supostos suicidas citados pela imprensa tinham sido acusados de ajudar os autores nos atentados suicidas do sábado passado contra duas sinagogas de Istambul, que deixaram 25 mortos e mais de 300 feridos.

Nessa ocasião, as forças de segurança identificaram, 12 horas depois, os dois suicidas de nacionalidade turca que, segundo a Polícia, "tinham sido treinados em campos de organizações islâmicas no Paquistão, no Afeganistão e no Irã".

A onda de explosões começou no sábado passado com os dois atentados que tiveram como alvo as sinagogas de Neve Salom e Beit Israel em Istambul.

Cinco dias depois, dois dos bairros mais centrais de Istambul foram sacudidos por quatro explosões contra alvos britânicos, que, além de 30 mortos, deixaram 450 feridos.

Os atentados em cadeia surpreenderam a sociedade turca, onde milhares de cidadãos tomaram hoje as ruas das principais cidades em protesto contra a onda de violência.

Sob o lema "Paz contra a violência e o Terror", organizações não-governamentais (ONGs), associações profissionais e sindicatos convocaram "marchas silenciosas" em descontentamento com os ataques.

A conovocação contou com a resposta de pelo menos 3.000 pessoas na província de Izmir, no oeste do país, enquanto 500 manifestantes se reuniram na praça de Kizilay, no centro de Ancara.

Em Istambul, palco dos ataques, cerca de 3.000 pessoas se reuniram na praça de Taksim gritando palavras de ordem contra o terrorismo, apesar dos apelos para que os protestos fossem silenciosos.

As principais praças da maior parte das localidades do país também tiveram a presença de centenas de manifestantes, indignados com a brutalidade dos ataques.

As imagens das vítimas e dos destroços dos dois atentados foram mostradas várias vezes pelas emissoras locais em uma cobertura midiática muito criticada pelo Governo.

O próprio Erdogan recriminou hoje a atitude dos meios de comunicação que transmitiram "imagens horríveis e aterrorizantes".

Para o chefe da polícia de Istambul, Celalettin Cerrah, as reportagens que revelaram a identidade dos suspeitos após os atentados contra as sinagogas dificultaram a detenção das pessoas responsáveis pelas explosões de quinta-feira.

O Conselho Superior de Rádio e Televisão do país pediu hoje a todos os meios de comunicação que atuem de acordo com as "principais éticas da profissão".

Após os últimos atentados, o Tribunal de Segurança do Estado impôs restrições à cobertura midiática dos ataques.

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