Preços altos podem levar agência da ONU a racionar alimentos

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Publicado Segunda, 25 de Fevereiro de 2008 às 16:43, por: CdB

A diretora do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP), Josette Sheeran, afirmou nesta segunda-feira que está analisando a possibilidade de racionar os alimentos que a agência distribui devido ao aumento dos preços dos produtos e à falta de verbas.

Em entrevista à BBC, Sheeran afirmou que o WFP está realizando reuniões com especialistas para decidir se o fornecimento de alimentos deverá ser paralisado ou racionado em alguns locais se a agência não receber novas injeções de recursos no curto prazo.

— Com o alimento duas vezes mais caro, podemos obter metade do que podíamos pelo mesmo preço e com as mesmas contribuições —, disse.

— Precisaremos de contribuições maiores para garantir que possamos atender às necessidades já avaliadas —, acrescentou.

Números divulgados pela ONU indicam que os preços de alimentos aumentaram 40% no último ano, devido à crescente demanda de países em desenvolvimento e a alta do preço do petróleo.
Outro fator que estaria se refletindo num aumento nos preços seria o maior uso dos biocombustíveis.

— Nós estamos vendo mais da produção mundial de alimentos indo para uso em biotecnologia, e isso está encarecendo a comida —, disse.

Vulneráveis

— Em muitos lugares, somos a única fonte de alimentos para algumas pessoas —, disse a diretora do WFP.

— Também estamos observando necessidades crescentes em alguns lugares como o Afeganistão, onde as pessoas estão caindo na insegurança alimentar simplesmente devido aos preços mais altos (de alimentos) —, acrescentou.
 
Sheeran afirmou que este aumento nos preços está "atingindo da pior forma os mais vulneráveis do mundo, especialmente aqueles que vivem com US$ 0,50 por dia". Algumas dessas pessoas gastam até 90% do dinheiro que ganham só com comida.

— Em alguns destes países em desenvolvimento o preço aumentou em 80%, no caso de alimentos básicos —, afirmou.

A diretora do WFP destaca que até pessoas de classe média que vivem em cidades de países como Indonésia, México e Iêmen estão tendo que escolher como gastar o orçamento familiar.

— Estamos observando estas pessoas desistirem de educação e saúde e tentando reservar o máximo de seus orçamentos para alimentos —, acrescentou.

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