Popularidade de Merkel desaba e sombra do nazismo cresce na Alemanha

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Publicado Domingo, 28 de Agosto de 2016 às 11:41, por: CdB

Os dados revelam que apenas 42% dos alemães apoiam Merkel. A política deve anunciar na primavera de 2017 se vai pretender concorrer ao cargo ou não

 
Por Redação, com agências internacionais - de Berlim
  Dados de uma nova pesquisa de opinião pública testemunham que metade dos habitantes da Alemanha são contra um quarto mandato de Angela Merkel no cargo de Chanceler. Nos últimos meses, movimentos de extrema direita, como o Pegida, vêm num crescendo por todas as regiões alemãs e desce a sombra do nazismo que, desde a II Grande Guerra, paira sobre o país.
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Merkel classificou os ataques de "chocantes, angustiantes e deprimentes"
A enquete da companhia Emnid para a edição Bild foi realizada no dia 25 de agosto e nele participaram 501 pessoas. Os entrevistados deviam responder à pergunta "Você quer ver Angela Merkel no cargo de Chanceler depois das eleições de 2017?". Os dados revelam que apenas 42% dos alemães apoiam Merkel. A política deve anunciar na primavera de 2017 se vai pretender concorrer ao cargo ou não.

Merkel e os imigrantes

Um série de ataques violentos contra civis em julho, dois dos quais foram assumidos pelo Estado Islâmico, chamaram a atenção para a política de portas abertas de Merkel em relação aos imigrantes, que permitiu a entrada na Alemanha de centenas de milhares de pessoas vindas de Oriente Médio, África e outras partes do mundo no ano passado. Na pesquisa anterior encomendada pelo Bild am Sonntag, em novembro, 45% dos entrevistados se disseram a favor de um quarto mandato de Merkel, enquanto 48% foram contra. O chefe do órgão federal alemão para imigrantes e refugiados da Alemanha, Frank-Juergen Weise, disse ao jornal esperar que um máximo de 300 mil refugiados cheguem à Alemanha neste ano. No ano passado, cerca de 200 mil imigrantes e refugiados atravessaram o mar Mediterrâneo para chegar à Europa, apenas no mês de outubro, segundo informa a Organização das Nações Unidas (ONU). Diante da onda migratória, os países europeus se dividem sobre que política adotar em relação a eles. A Alemanha acolheu 1 milhão de refugiados, mas a medida já apresenta um efeito colateral: um grupo neonazista ganha popularidade pregando a extradição de imigrantes e ostenta sérias pretensões de chegar ao poder com o anúncio de um um candidato nas próximas eleições presidenciais. Outra pesquisa, desta vez divulgada em outubro último pela rede de televisão alemã, ARD, informava que 51% dos alemães temiam a chegada de refugiados. O número aumentou em relação a última pesquisa (setembro), quando 38% dos alemães eram contrários a essa chegada e vem crescendo, desde então.  Nesse cenário o grupo de ultradireita Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente, o Pegida, formado por extremistas, dissemina valores preconceituosos defendidos por seus integrantes contra o fluxo migratório no país.

Pegida


O movimento foi fundado em 2014 por cidadãos de extrema direita insatisfeitos com partidos tradicionais que apostam em uma política flexível aos migrantes. A ideia deles é implantar um governo conservador e nacionalista. O grupo registrou um avanço popular considerável entre 2014 e 2015, quando a revista humorística francesa Charlie Hebdo foi atacada por radicais jihadistas, deixando um saldo de 12 mortos. A partir daí, o Pegida assumiu uma postura xenofóbica contra os islâmicos. Após a chanceler alemã Angela Merkel declarar que o país estava disposto a receber cerca de 1 milhão de refugiados, o grupo acirrou sua oposição contra as políticas migratórias defendidas pelo governo. A página oficial do grupo no Facebook, que já alcança a marca de 179 mil curtidas, publicou uma espécie de manifesto declarando todos os seus princípios. Chama a atenção o tom racista. Com intenção de preservar a cultura alemã, o Pegida pede a intensificação da guarda nacional nas fronteiras, o fim da imigração legal de refugiados e a deportação de imigrantes ilegais. Alegam, ainda, que o problema dos refugiados deve ser resolvido no país de origem deles, e que a Alemanha não tem nada a ver com isso. Os radicais pedem ajuda dos países da União Europeia para barrar a onda migratória, com a justificativa de que os vizinhos precisam se unir para preservar a cultura do Velho Continente. “Nós, os povos das nações europeias, precisamos nos unir para conservarmos e defendermos nossos valores, nossa cultura e nossa liberdade. Os governantes alemães querem abolir o povo natural de nosso país, para nos substituir por uma sociedade multicultural. Eles querem estabelecer um Estado multiétnico em solo alemão – este é um comportamento de traidores”, diz o manifesto, disponível na página do Facebook do grupo. Recentemente, segundo a polícia alemã, um protesto organizado pelo grupo extremista reuniu cerca de 20 mil pessoas em Dresden, uma das regiões mais conservadoras da Alemanha. Nessa mesma cidade, o Pegida chegou a lançar uma candidata a prefeita, Tatjana Festerling , que atingiu 10% das intenções de voto. Os conservadores não são a única voz na Alemanha. No mesmo dia da manifestação organizada pelo Pegida, cerca de 15.000 pessoas, também saíram nas ruas de Dresden para defender o abrigo aos refugiados no país, ostentando o lema “coração em vez de ódio. no Instagram retrata a divisão que vive Alemanha: alguns usuários defendem o movimento, mas a maioria condena as ações realizadas pelo grupo.
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