Polícia desarticula quadrilha ligada ao PCC de São Paulo

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Publicado Sexta, 09 de Outubro de 2015 às 09:43, por: CdB
Por Redação, com ABr - de Brasília/São Paulo: A Polícia Civil desarticulou nesta sexta-feira uma facção criminosa que atuava dentro da Penitenciária do Distrito Federal (PDF) e em cadeias de cidades do entorno da capital. Dos 49 mandados de prisão preventiva expedidos nesta fase da Operação Avalanche, 41 foram cumpridos até agora no DF e nos estados do Mato Grosso, São Paulo, Tocantins e Goiás. A polícia também ouve duas advogadas suspeitas de promover a troca de informações entre membros da organização criminosa.
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A Polícia Civil desarticulou nesta sexta-feira uma facção criminosa que atuava dentro da Penitenciária do Distrito Federal
De acordo com a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), que comanda as investigações, os envolvidos se comunicavam por meio de cartas no Distrito Federal e de celulares nos outros estados. Eles atuavam principalmente com tráfico de drogas, extorsões e roubos, e integram uma das células do Primeiro Comando da Capital (PCC) paulista, que tentava se articular em Brasília. Segundo o delegado Luiz Henrique Sampaio, o chefe do grupo era Genilson Vieira Penaforte, mais conhecido como Tony, que coordenava as ações de dentro de um presídio em Campo Grande. "Era ele quem comandava e decidia tudo o que seria feito. Os integrantes se comunicavam com ele pelo celular e a partir daí planejavam os próximos passos", afirmou. As investigações começaram em janeiro e, com os mandados expedidos nesta sexta-feira, passa de 60 o número de presos na operação.

Filho de ex-dono da Vasp

O empresário Wagner Canhedo Filho foi preso no início da manhã desta sexta-feira, pela Polícia Federal, em Brasília, investigado pelos crimes de fraude à execução, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A prisão foi determinada pela Justiça, depois de pedido do Ministério Público Federal (MPF). Em maio, Canhedo Filho, principal gestor do grupo Canhedo, que atua nos setores de hotelaria e de transportes em Brasília, foi preso em flagrante por porte ilegal de armas, na Operação Patriota, deflagrada PF e pela Procuradoria da Fazenda Nacional. A operação desarticulou um esquema de fraude fiscal superior a R$ 875 milhões. O Núcleo Criminal do MPF investiga o caso desde o ano passado. Na ocasião, Canhedo Filho pagou fiança e foi liberado no mesmo dia. Em nota, o MPF informou que, com a prisão do empresário, os investigadores pretendem garantir “o fim de práticas adotadas com o propósito de impedir a execução de dívidas tributárias” por parte dos gestores do Grupo Canhedo. Na década de 1990 a família Canhedo comprou a Viação Aérea São Paulo (Vasp), que decretou falência em 2008, com dívidas superiores a R$ 1,5 bilhão. Na Operação Patriota, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Procuradoria da Fazenda Nacional identificaram que empresas de fachada eram usadas pelos gestores do Grupo Canhedo para ocultar o faturamento das empresas em débito com a Receita Federal. Naquele momento, a suspeita era a de que Canhedo Filho usava empresas fantasmas, abertas em nomes de laranjas, para movimentar o dinheiro arrecadado pelo complexo empresarial, impedindo, dessa forma, o cumprimento de execuções fiscais. A apuração já identificou pelo menos seis empresas que teriam sido usadas na prática. Em agosto, os investigadores reuniram novas informações que revelaram que o empresário mantém a prática criminosa. “Canhedo Filho migrou seu esquema para a utilização de outras empresas, até então não conhecidas e também não atingidas pelos bloqueios judiciais, no âmbito da Execução Fiscal, dentre as quais seguramente a Cooperativa de Transportes Alternativos e Autônomos do DF”, afirmou o MPF no pedido de prisão enviado à Justiça. De acordo o com MPF, no dia 28 de agosto, o empresário sacou mais de R$ 1,2 milhão de uma conta bancária em nome da Cooperativa que, anteriormente, havia recebido depósitos vultosos da principal empresa do grupo. Em depoimento à polícia, o responsável pela cooperativa Coota-DF, Gilbson Luna Gadelha, confirmou as suspeitas de que Canhedo Filha usa a entidade para movimentar o esquema fraudulento. Além da prisão, também foi solicitado que o empresário seja proibido de deixar o país. Os investigadores justificam que diante do “robusto” poder econômico, o risco de fuga é “inafastável”, o que poderia colocar em risco a aplicação da lei penal.

Operação Acrônimo

No ínicio do mês, a Polícia Federal deflagrou a terceira fase da Operação Acrônimo. Em razão de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a investigação é sigilosa, por isso, a PF não informou quantos agentes atuam e quais ações estão em andamento. As investigações da Operação Acrônimo começaram em outubro de 2014, quando agentes federais apreenderam R$ 113 mil em uma aeronave que chegava ao Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek. Na época, a PF informou que tinha como foco o combate a uma “organização criminosa investigada por lavagem de dinheiro e desvios de recursos públicos”. Entre os presos estava Benedito de Oliveira Neto, conhecido como Bené e dono da Gráfica Brasil. Naquele ano, atuou na campanha do então candidato e atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, que negou ser “objeto de investigação no processo”. Ainda naquela etapa da investigação, o delegado Dennis Kali, então responsável pela operação, confirmou que o governador petista não era mesmo alvo da investigação.
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