PMDB dissidente prejudica campanha Dilma em colégio eleitoral paulista

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Publicado Terça, 16 de Março de 2010 às 08:20, por: CdB

Uma dissidência do PMDB levou à suspensão da propaganda partidária do Partido dos Trabalhadores no Estado de São Paulo, no principal colégio eleitoral do país. A peça proibida pela Justiça Eleitoral é aquela na qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que a pré-candidata do partido ao Planalto, ministra Dilma Rousseff, tem "a cara e a alma de São Paulo".

Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal Regional Eleitoral-SP, a decisão cumpre deferimento do desembargador Alceu Penteado Navarro. O pedido de liminar foi feito pelo PMDB. No Estado, o partido é aliado ao governador José Serra (PSDB-SP), também pré-candidato à Presidência. Já no plano nacional, integra a base política do governo federal ao lado do PT.

Na decisão, o desembargador afirma que a inserção estadual impugnada ultrapassa os limites permitidos à propaganda partidária gratuita. Navarro ressalta, ainda, que o partido representado "não será impedido de veicular inserções com conteúdo diverso".

Desespero tucano

Uma das razões do pedido de liminar contra a pré-candidata petista estaria explicada na pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, na qual o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), aparece cerca de cinco pontos percentuais à frente da ministra Dilma Rousseff (PT), mas em queda livre diante da adversária. A expectativa é de que a sondagem realizada pelo Ibope – com divulgação marcada para esta quarta-feira – confirme o movimento capturado por outros institutos: redução da diferença entre os dois principais pré-candidatos.

Em dezembro, Serra tinha 38%. Dilma, 17%. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) exibia 13%. Já a senadora Marina Silva (PV-AC) tinha 6%. Antes de começar a cair, o tucano havia crescido no último trimestre de 2009. Sobre setembro do mesmo ano, havia escalado 3 pontos percentuais, portanto mais que sua principal adversária, que subira 2 pontos percentuais naquele período.

Agora, a trajetória é inversa. A chefe da Casa Civil já deve ter superado a marca de 25% de intenção de voto. O próprio Ibope identificou esse patamar em fevereiro, quando foi à campo a pedido da Associação Comercial de São Paulo

O instituto Datafolha mostra cenário semelhante, e uma diferença de 4 pontos percentuais entre os virtuais competidores. Em fevereiro – uma semana após ter sido lançada com alarde pelo PT – Dilma chegou a 28% das intenções de voto. Galgou, em dois meses, cinco pontos percentuais. Serra, no mesmo período, caiu na mesma proporção.

– Ele está parado e ela está andando. Se comparar a exposição dela na mídia e a dele até agora, ela tem se beneficiado ao máximo da presença do presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) junto a ela – avaliou João Paulo Peixoto, professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB).

Ao lado de Lula, Dilma Rousseff pegou carona nos mais badalados eventos do governo. Foi anfitriã em outros. Intensificou sua agenda no Sul e Sudeste, onde José Serra é mais forte, e visitou o Nordeste, região onde é forte seu potencial de crescimento. A partir do início de abril, a ministra perderá alguns desses holofotes. Preocupado em manter seu ritmo de crescimento, o PT trabalha para evitar uma desaceleração que favoreça o nome da oposição.

– A gente só vai ter uma avaliação mais real da força dela quando ela começar a andar com suas próprias pernas, sem o suporte do Lula – concluiu Peixoto.

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