PM do Estado do Rio se revolta com Cabral

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Publicado Quarta, 30 de Janeiro de 2008 às 08:51, por: CdB

O governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral, enfrenta nesta quarta-feira a pior crise na área de Segurança Pública até agora. Ao exonerar o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ubiratan de Oliveira Angelo, Cabral irritou o alto comando policial do Estado que, agora, exige não apenas a exoneração do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, mas a recondução do militar exonerado ao cargo.

Outro ponto de atrito foi a punição ao coronel Paulo Ricardo Paúl, anunciada por Beltrame após a passeata liderada por ele, na qual pedia por aumento de salários, no último domingo. Por decisão da secretaria de Segurança Pública, em vez de ser exonerado, Paúl foi transferido da Corregedoria Interna para a Diretoria Geral de Ensino e Instrução.

Assumiu o comando-geral da PM, nesta quinta-feira à tarde, o coronel Gilson Pitta Lopes, chefe do Serviço Reservado e da Inteligência da corporação. O chefe do Comando de Policiamento da Capital, coronel Antônio Carlos Suarez David, foi para o segundo posto na PM, o de chefe do Estado-Maior. Mas a queda de Ubiratan, depois de pouco mais de um ano no cargo, deflagrou o movimento de confronto entre oficiais da PM e o Palácio Guanabara. No início da madrugada desta quarta-feira, 41 comandantes, diretores e chefes de seção (21 deles, coronéis) anunciaram a decisão de renunciar aos cargos e deixar 17 batalhões e unidades especiais acéfalas.

Cabral apela ao Exército

Na manhã desta quarta-feira, após receber a notícia de que os quartéis poderiam ficar sem comando, o governo cogitou a convocação de coronéis do Exército para ocupar os postos dos demissionários. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, definiu a manifestação dos policiais descontentes com os baixos salários da corporação como um "ato de insubordinação". Segundo Beltrame, o governo do Estado ao mudar o comando da PM, pretende mexer na essência da instituição.

- É necessário que se mude, que se areje a polícia. Pessoas novas, com outra mentalidade, esta será a missão dos novos comandantes. Nós não vamos permitir que um grupo de pessoas intervenha no trabalho que estamos construindo, um trabalho sério, que está trilhando horizontes. Estas pessoas se precipitaram – afirmou, destacando que o Estado sabe que o salário da PM é baixo mas melhorá-lo é uma prioridade de governo.

Pitta, um dos fundadores e signatário do Manifesto dos Barbonos (grupo de coronéis da ativa que brigava por melhores salários) e aliado de Ubiratan, disse que abandonou os companheiros "porque o movimento perdeu o rumo". A atitude foi criticada pelos demais oficiais da corporação. Um DVD, com cenas e legendas com nomes de pessoas que integraram a manifestação foi entregue às autoridades, no Palácio Guanabara, ainda na noite de segunda-feira. O DVD foi produzido pela equipe de Pitta.

No anúncio do novo comandante-geral, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, disse que o oficial já “renegou a participação no movimento”. O governador Sérgio Cabral evitou falar à imprensa e sequer compareceu ao primeiro evento de sua agenda pública, a inauguração da nova cabine da PM, na Linha Vermelha, na terça, onde estava Ubiratan Angelo.

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