Um navio fortemente vigiado que carrega 140 quilos de plutônio norte-americano, passível de ser usado na fabricação de bombas, atracou no porto francês de Cherbourg nesta quarta-feira, ignorando os manifestantes, para quem a embarcação seria vulnerável a ataques terroristas.
O navio Pacific Pintail entrou vagarosamente no porto francês ao nascer do dia, escoltado por helicópteros. Policiais armados vigiavam a área enquanto o plutônio era descarregado antes de ser levado por terra para uma usina localizada perto dali.
O grupo ambientalista Greenpeace, que realizou protestos contra a chegada do carregamento nos últimos dias, observou o atracamento de vários barcos pequenos estacionados nas imediações.
O grupo, porém, não interferiu no descarregamento do material radioativo. A Justiça francesa decidiu na terça-feira impedir os manifestantes de chegar a menos de 100 metros do Pacific Pintail.
O descarregamento é parte de um acordo pós-Guerra Fria firmado entre os EUA e a Rússia para se livrar do plutônio vindo de ogivas nucleares desativadas.Após ser entregue na usina de La Hague, o plutônio será transportado quase 1.000 quilômetros até uma fábrica do sul da França, onde será reciclado.
Apesar de o processo todo contar com um forte esquema de segurança, o Greenpeace teme que o carregamento seja atacado ou interceptado por terroristas nucleares.
- Esse carregamento de plutônio é um sinal de alerta para o mundo - afirmou Tom Clements, membro do grupo.
- A natureza militar da chegada (do carregamento) na França demonstra claramente que ateriais para armas nucleares são uma ameaça à segurança mundial e não têm lugar no comércio - ressaltou.
A empresa nuclear Areva, uma estatal francesa contratada para reprocessar o plutônio, diz que o carregamento é seguro.
- O plutônio... está sendo transportado em tonéis que estão de acordo com as regras da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Seu transporte é objeto das medidas de maior segurança - disse a Areva em um comunicado.
Uma unidade da Areva chamada Cogema vai reciclar o plutônio para que ele seja transformado em combustível nuclear em suas usinas de Cadarache e Marcoule. O combustível será então enviado de volta aos EUA para ser usado em reatores para gerar eletricidade.