PFL diz que PSDB se precipitou ao convidar Jarbas para chapa

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Publicado Quarta, 30 de Janeiro de 2002 às 17:25, por: CdB

A direção nacional do PFL interpretou como uma precipitação do PSDB o convite feito pelo candidato tucano José Serra ao governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, para compor sua chapa como candidato à vice-presidência da República. "No mínimo eles colocaram os explosivos na ponte que leva ao território do PFL", advertiu o ministro das Minas e Energia, José Jorge, para quem a escolha do vice em eleições majoritárias "é um ato final na definição de uma aliança eleitoral". Segundo o ministro, o fato causou surpresa, porque ainda é cedo para esse tipo de acerto. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que, se o candidato do seu partido tivesse 7% de apoio nas pesquisas, como é o caso de Serra, também estaria trabalhando "para fazer ele crescer". O senador garante que não tem reclamações a fazer quanto aos movimentos que o presidente Fernando Henrique Cardoso e Serra fazem agora para alavancar a candidatura tucana. "O presidente não é do PFL, é do PSDB, então era de se esperar que ele procurasse ajudar a consolidar o seu candidato. O que Fernando Henrique não pode esquecer', lembra Bornhausen, "é que ele tem uma série de parceiros que garantem a estabilidade do seu governo". O convite de Serra ao PMDB, no entanto, incomodou os liberais mais do que admitem em público. Nos bastidores, eles dizem que, ao antecipar sua preferência pelo PMDB, Serra vai dificultar composições que se revelem indispensáveis no futuro. Eles dizem, também, não compreender a preferência por um partido dividido e sem perspectivas eleitorais próprias para a Presidência, que é como consideram o PMDB. É por isso que Bornhausen não acredita ser possível fechar qualquer aliança antes do final das convenções de junho. Ele pensa que apenas no final de março serão realizadas as primeiras pesquisas de opinião "de alto valor para a definição do quadro de candidatos". As conversas definitivas para composição de chapas, acrescenta, se darão ao longo de abril, e, em maio, com base nas tendências indicadas pelas pesquisas, serão tomadas as decisões sobre a sobrevivência da atual aliança de poder. O ministro José Jorge observa que o momento político está em processo de mudança, tanto para os governistas quanto para os partidos de oposição. Segundo avalia ele, as pesquisas feitas neste final de mês são reveladoras. As pré-candidaturas do governador de Minas Gerais, Itamar Franco, e do ex-governador do Ceará Ciro Gomes, por exemplo, perderam substância e podem desaparecer do cenário em pouco tempo. As sondagens mostram, também, que o cadidato do PT perde a condição de favorito no segundo turno da eleição presidencial, e que esse fato se reflete na erosão do apoio a ele já no primeiro turno, também mostrada pelas pesquisas. "Esse processo se dá por ondas", explicou José Jorge. "A onda agora é o lançamento da candidatura do ministro José Serra e as expectativas que gerou sobre a sua viabilidade". Nesse quadro, raciocina, a tendência é aumentar a competição por uma vaga no segundo turno, porque todos os adversários do candidato do PT passaram a acreditar que basta chegar ao segundo turno para vencer Lula. No campo da oposição, além disso, surgiu a candidatura do governador do Rio, Anthony Garotinho, o que dificulta as decisões sobre a chapa petista. A mobilização do PMDB em busca de uma parceria privilegiada com o PSDB ocorre, por fim, acrescenta o ministro, em virtude da posição favorável desfrutada neste momento pela candidatura competitiva de Roseana Sarney pelo PFL.

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