PFL critica reformas e usa até gravação de Lula sobre inativos

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Publicado Quinta, 08 de Maio de 2003 às 15:31, por: CdB

Um protesto geral contra o governo petista e as reformas previdenciária e tributária marcaram, nesta quinta-feira, a convenção nacional do PFL. O partido divulgou, inclusive, uma antiga entrevista onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dizia contra a taxação dos inativos. O presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), que teve sua permanência no cargo estendida por mais dois anos, anunciou que o PFL vai iniciar uma grande cruzada nacional contra o aumento da carga tributária. A primeira ação contra o aumento de impostos será travada durante a votação no Senado da medida provisória que reabre o Refis e aumenta a alíquota da Cofins para as instituições financeiras e a base de cálculo para a incidência da Contribuição Sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos prestadores de serviços. O ato contou com a presença de parlamentares do PSDB, como o presidente do partido, senador José Aníbal (SP), e os líderes na Câmara, Jutahi Junior (BA) e no Senado, Arthur Virgílio Melo (AM). O PSDB vem formando no Congresso Nacional uma dobradinha com o PFL no campo oposicionista e, com esse gesto, tucanos e pefelistas pretendem demonstrar força e união. Mudanças de posição Em suas críticas às reformas, o PFL usou como arma uma gravação de uma entrevista dada por Lula à rádio CBN durante a campanha eleitoral. - Os servidores públicos de hoje têm razão de brigar até porque tem uma decisão do Supremo Tribunal Federal garantindo a eles o atual sistema de aposentadoria, então você não pode mexer. Quem vier aqui dizer para vocês que vai mexer está mentindo. Há uma decisão do Supremo... -, dizia Lula na gravação. A provocação foi feita pelo líder do partido na Câmara dos Deputados, José Carlos Aleluia (BA), que condenou a contradição do discurso do PT. "O PT deu as costas para o servidor", disse. "Ele (Lula) esqueceu as maravilhosas promessas de campanha", completou Bornhausen. A mudança de discurso, no entanto, não está só entre os petistas. Apesar de estar criticando as propostas, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o PFL foi o principal aliado na aprovação das reformas. Um grupo de deputados chegou a votar a favor da taxação dos inativos. A justificativa para se opor agora, segundo o líder pefelista, é que os atuais projetos são "pequenos". Apesar da forte oposição pregada pelo partido, os governadores pefelistas continuam a apoiar as propostas. O governador da Bahia, Paulo Souto, reiterou que trabalhará junto a cada parlamentar baiano pela aprovação da cobrança da contribuição previdenciária dos aposentados. Em seu discurso, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, fez duras críticas ao governo e citou previsão de analistas econômicos de que a carga tributária aumentará de 36 por cento para 40 por cento do PIB. - As reformas têm um viés fiscal e vão promover o maior arrocho. Não aceitamos votar contra pontos das reformas, mas contra todo o pacote -, disse. Ao cobrar a realização da reforma política, Jorge Bornhausen acusou o governo de aliciar parlamentares de outros partidos para aumenta a base aliada. - As bases do governo não votam na Câmara a reforma política para que o governo continue cooptando aqueles parlamentares que aceitam trocas menores, o que enfraquece os partidos -, afirmou. Desde o início do ano, o PFL já perdeu um senador e nove deputados para partidos ligados ao governo. O mesmo vem acontecendo com o PSDB, que está com sete deputados a menos.

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