Pentágono diz que rebeldes querem isolar os EUA

Arquivado em:
Publicado Sexta, 14 de Novembro de 2003 às 08:36, por: CdB

Fontes do Pentágono disseram nesta sexta-feira que a resistência iraquiana está planejando seus ataques de forma a isolarem os Estados Unidos de seus parceiros internacionais e convencer a opinião pública norte-americana de que a missão no Iraque não vale a pena.

Segundo analistas, a resistência iraquiana está mostrando um grau de coordenação que o Pentágono até agora relutava em reconhecer. De acordo com eles, a decisão norte-americana de acelerar a transferência do poder para os iraquianos vai dar aos rebeldes a sensação de que sua estratégia pode ter sucesso. "O objetivo do inimigo não é nos derrotar militarmente, porque eles não têm os meios para isso'', disse o general John Abizaid, chefe do Comando Central dos EUA, que lidera a ação no Iraque.

- O objetivo do inimigo é romper a disposição dos Estados Unidos da América. É claro, simples e direto: romper nossa disposição, fazer com que saiamos do Iraque antes que ele esteja pronto para se tornar um membro responsável da comunidade de nações - afirmou o general.

Abizaid disse que a resistência iraquiana está cada vez mais coordenada, mas que ela não soma mais de 5 mil pessoas, incluindo simpatizantes do ex-ditador Saddam Hussein, criminosos pagos para cometer ataques, um pequeno grupo de estrangeiros e alguns militantes xiitas.

Fontes de defesa disseram que o atentado de quarta-feira contra um quartel italiano em Nassiriya, no sul do Iraque, ilustra a estratégia da resistência de provocar baixas entre aliados dos EUA e organizações internacionais. Pelo menos 18 italianos morreram no ataque. Horas depois, o Japão afirmou que a situação no Iraque inviabiliza o plano do governo de enviar tropas de apoio ao Iraque.

As autoridades norte-americanas dizem que os ataques contra as sedes da ONU, da Cruz Vermelha, e contra a embaixada da Jordânia em Bagdá também são parte da estratégia da resistência iraquiana. "O inimigo está tentando rachar a coalizão e não vai desistir de criar a impressão de que não podemos vencer", disse Abizaid. Ele afirmou que a tática da resistência está fadada ao fracasso, mas apontou uma complexa interação de poderes militares, diplomáticos, políticos e econômicos, nacionais e internacionais, que devem ser sincronizados e avançar juntos. "Basta dizer que esta batalha não pode ser ganha só com esforços militares", disse o general.

Falando sob anonimato, outra fonte de defesa acrescentou: "Eles atacam organizações internacionais e forças de outras nações como parte de uma estratégia para afastá-las e isolar os Estados Unidos". Essa fonte mencionou também os atentados contra iraquianos que cooperam com os EUA.

Andrew Bacevich, diretor do Centro de Relações Internacionais da Universidade de Boston, disse que os acontecimentos mostram uma campanha coerente que reflete um propósito político particular, e isso também se reflete na compreensão das potenciais vulnerabilidades norte-americanas. Ele acha que a resistência está concentrando seus ataques onde provavelmente os EUA são mais fracos, ou seja, na opinião pública aqui nos Estados Unidos e na disposição das elites políticas em se aterem a uma guerra que pode se tornar cada vez mais impopular.

Com seus ataques, a resistência conseguiu provocar baixas chamativas nos EUA - já são pelo menos 156 militares mortos em combate desde o dia 1º de maio, quando a Casa Branca declarou o fim da fase de combates.

"O caos é amigo deles", disse Daniel Benjamin, especialista em terrorismo no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. "Entre enfraquecer a coalizão, desencorajar os norte-americanos e convencer os iraquianos de que os EUA são incapazes de oferecer segurança, a lista de alvos é enorme."

Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo