O deputado federal Pedro Henry (PP-MT), ao prestar depoimento na Justiça Federal nesta terça-feira, negou que tenha recebido dinheiro do esquema que ficou conhecido como propinoduto.
- Nunca conversei sobre repasse de recursos de nenhuma fonte com o PT - afirmou. Henry foi denunciado pelo procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Em depoimento na Justiça Federal, ele confirmou que, como líder do PP, participou de diversas reuniões no Palácio do Planalto entre 2003 e 2004 com o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Mas, segundo ele, em nenhuma dessas ocasiões eles trataram de repasse de dinheiro.
- Em nenhuma dessas reuniões foi tratado de recursos financeiros do PT para o PP - afirmou.
Henry afirmou também que o assunto nunca foi discutido com o então presidente do PT, José Genoíno. No entanto, o deputado admitiu ter tomado conhecimento durante uma reunião da executiva do partido de que o PT daria ajuda financeira ao PP para pagar o advogado do deputado cassado Ronivon Santiago (PP-AC). O deputado disse que nunca foi apresentado ao publicitário Marcos Valério, que não participava da administração do partido e, portanto, não sabe se houve transferência de valores do publicitário para o PP. Ele negou também que tenha recebido valores do ex-assessor do partido, João Cláudio Genu.
De acordo com denúncia do procurador-geral da República, o PP teria recebido R$ 4,1 milhões entre 2003 e 2005 para votar com o governo e parte desse valor foi sacado por Genu em uma agência do Banco Rural, em Brasília. Consta ainda na denúncia que outra parcela avaliada em torno de R$ 1,2 milhão teria chegado aos parlamentares por meio da Bônus-Banval e Natimar. Ao ser questionado pela juíza Maria de Fátima Costa, se conhecia as empresas citadas, Pedro Henry negou o repasse.
Ao final do depoimento, o advogado de defesa de Roberto Jefferson, Luiz Francisco, perguntou se Pedro Henry participou de reuniões na casa do deputado Valdemar Costa Neto para discutir alianças com o PT e apoio financeiro para as eleições municipais de 2004 com a presença do então deputado José Múcio (PTB-PE). Inicialmente, Henry quis usar o direito de não responder. Depois, mudou de idéia e afirmou que participou das reuniões, mas não com o propósito mencionado.