PDT e PPS complicam o governo ensaiando discurso de oposição

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Publicado Sexta, 07 de Março de 2003 às 16:19, por: CdB

Ao mesmo tempo em que o Palácio do Planalto se esforça para atrair o PMDB para sua base de sustentação no Congresso, o PDT e o PPS, aliados desde os tempos da campanha presidencial, ensaiam um discurso de oposição, complicando ainda mais a vida do governo. Três dias depois do presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (PE), ter acusado o governo de não ter projeto, o PDT do ex-governador Leonel Brizola começou ontem a exibir propagandas partidárias na TV cobrando as mudanças prometidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a campanha presidencial. Nas inserções comerciais, o PDT manifesta esperança na gestão de Lula, ao mesmo tempo em que critica a administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas o partido defende que Lula seja firme e claro na determinação de mudar o Brasil. As propagandas partidárias abordam três temas: os aposentados, os funcionários públicos e os juros. "Lula precisa demonstrar que veio para mudar e não permitir que sacrifiquem os nossos aposentados", diz o locutor, em off na propaganda sobre os aposentados. "O funcionalismo espera agora que Lula não permita que continue a política do governo passado. Combater os abusos de minorias não pode ser pretexto para arrochar o servidor público", avisa o texto. "A esperança de todos é que, apesar das dificuldades, Lula possa cumprir os compromissos de baixar os juros e defender o emprego dos trabalhadores. Esta é a nossa esperança, esta é a luta do PDT", diz a inserção sobre os juros. Em todas as propagandas, o PDT faz questão de lembrar que o povo deu "voto na esperança", ao eleger Lula presidente da República. As críticas do PDT e do PPS não estão, por enquanto, preocupando o Palácio do Planalto. Na avaliação do líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B -SP), os dois partidos continuam aliados de Lula, sem confronto com o Planalto. "São conflitos que podem ser resolvidos com o debate. O governo tem a intenção de debater com todos os aliados suas propostas estratégicas", disse Rebelo. "As pessoas têm de ter a consciência que nós estamos pilotando um avião avariados no meio de uma turbulência", completou. Para o líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), as críticas ao governo de Lula ainda são muito prematuras. "Acho que é muito cedo para dizer que o presidente não vai mudar o país. O governo tem 60 dias e a disposição de Lula é mudar o País. E tenho certeza de que o PDT será parceiro nesta mudança", afirmou o petista. Tanto o PDT quanto o PPS têm ministros no governo. Mas Brizola, que é presidente do PDT, vem desde o início do governo fazendo críticas à administração de Lula. Não queria sequer que o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) fosse nomeado para a pasta das Comunicações. Brizola está insatisfeito com o atual governo e, segundo interlocutores do ex-governador, cogita até discutir a expulsão de Miro Teixeira do partido. A expectativa é que junto com o ministro, pelo menos, mais cinco deputados saiam do PDT. A bancada na Câmara ficaria restrita a 10 deputados. O PPS é representado na Esplanada dos Ministérios por Ciro Gomes, que ocupa a pasta da Integração Nacional. Assim como Brizola e Miro, Ciro e Roberto Freire vivem às turras. Ao contrário do presidente do PPS, Ciro Gomes vem se mantendo calado e evita fazer reparos ao governo de Lula. Já Freire não poupa críticas à administração petista. Hoje ele divulgou nota reclamando da posição do governo que optou por uma decisão jurídica em relação à produção de transgênicos (alimentos geneticamente modificados).

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