Partidos expulsam deputado alemão acusado de anti-semitismo

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Publicado Sexta, 14 de Novembro de 2003 às 17:49, por: CdB

Pela primeira vez em sua história, os partidos cristãos da Alemanha CDU e CSU expulsaram um deputado de sua bancada conjunta. Em votação secreta, 195 deputados optaram pela saída de Martin Hohmann, acusado de anti-semitismo. A grande surpresa da votação secreta foram as 16 abstenções e os 28 votos contra a expulsão do deputado que gerou grande indignação no país com um discurso considerado anti-semita, proferido no Dia da Unidade Alemã (3 de outubro). Na ocasião, Hohmann perguntou se os judeus não podem ser chamados de "Tätervolk" (povo criminoso) em virtude de sua participação na Revolução de Outubro russa. A palavra alemã "Tätervolk" só é usada para se referir aos nazistas, que mataram seis milhões de judeus na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

Todos os setores da sociedade alemã reagiram com grande indignação ao discurso de Hohmann, principalmente o governo da coalizão social-democrata e verde e a imprensa. O ministro da Defesa, Peter Struck, demitiu o comandante das Forças Especiais da Bundeswehr, general Reinhard Günzel, imediatamente após tomar conhecimento de uma carta de solidariedade que o militar enviara a Hohmann. Uma semana após o início do escândalo, a cúpula da CDU e CSU decidiu, de surpresa, iniciar o processo de expulsão do deputado.

Sem culpa coletiva - Políticos de todos os partidos, além da imprensa, aplaudiram a decisão, apesar de a considerarem tardia. As duas legendas conservadoras ainda haviam tentado contornar a situação, mas o acusado de anti-semitismo recusou-se a mostrar arrependimento ou a pedir desculpas pelo seu discurso. Pelo contrário, Hohmann respondeu que não estava disposto a carregar por toda a sua vida a culpa coletiva, referindo-se à tese de que todos os alemães seriam culpados pelo extermínio dos judeus durante o nazismo.

A presidente da CDU, Angela Merkel, justificou o número relativamente alto de abstenções e votos contra a expulsão de Hohmann da bancada no Parlamento em Berlim como uma decisão "humanamente difícil, mas correta". O deputado Wolfgang Bosbach (CDU) ponderou, por sua vez, que "seria uma grande bobagem interpretar esses votos como uma aprovação das declarações avaliadas como anti-semitas".

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