Parlamento chinês se reúne para escolher novo governo

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Publicado Domingo, 02 de Março de 2003 às 05:43, por: CdB

Pequim - O parlamento chinês se reúne a partir de quarta-feira em Pequim para decidir as mais importantes mudanças na direção do país nos últimos dez anos, escolhendo um novo governo e um novo chefe de Estado. Depois de duas semanas desta sessão anual da Assembléia Nacional Popular (ANP), a China será governada, pelo menos durante os próximos cinco anos, por uma nova geração de dirigentes sexagenários. Três mil delegados se reunirão no Palácio do Povo, na Praça Tiananmen, para ratificar as decisões tomadas durante o congresso do Partido Comunista (PC) em novembro passado. Ainda que o ANP vote cada vez mais leis com a intenção de colocar a China no caminho de um Estado de direito, o processo de designação de seus dirigentes continua sendo obscuro e o povo não participa. O poder está nas mãos do PC desde 1949. O Comitê Central do partido terminou de elaborar, no maior segredo, a lista dos principais cargos do novo governo. O posto de presidente da República "deveria" ser entregue ao secretário-geral do PC e já número um, Hu Jintao, e o de primeiro-ministro a Wen Jiabao, atualmente vice-primeiro-ministro. O atual chefe de Estado, Jiang Zemin, continuaria como presidente da Comissão Militar Central, função chave para continuar mandando, se quiser, segundo observadores da política chinesa. Nesse caso, seria apoiado em seu papel de patriarca, no estilo de Deng Xiaoping, pelo novo provável presidente da República, Zeng Qinghong, seu principal assessor. Esta reunião da ANP consagrará também as despedidas de duas figuras da política chinesa dos últimos 15 anos, o presidente da ANP, Li Peng, e o primeiro-ministro Zhu Rongji, principal artífice das reformas econômicas. O número de ministérios se reduziria de 29 a 21, e as oito comissões criadas ou reestruturadas poderiam ter poderes mais amplos, segundo diplomatas ocidentais destacados em Pequim. Ainda que sejam esperadas poucas surpresas em relação ao organograma, principalmente quanto aos postos mais importantes, continuam as incógnitas. A primeira é a porcentagem necessária para a escolha dos novos ministros, o presidente e o vice-presidente; e como serão aprovados os diversos informes e o orçamento. Num regime de partido único, resultados inferiores a 70% são ignorados. A segunda é qual seria o nível dos raros debates verdadeiros em grupos; se os delegados se atreveriam a fazer críticas, ainda que veladas, sobre a política do PC, ou se seriam cobradas reformas políticas. A sessão anual do parlamento é freqüentemente uma ocasião para que os delegados mais corajosos destaquem certos problemas mais graves, como o da corrupção.

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