Paraguai decreta estado de sítio e golpe é iminente

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Publicado Segunda, 15 de Julho de 2002 às 14:23, por: CdB

O estado de sítio, decretado nesta segunda-feira pelo presidente paraguaio, Luiz González Macchi, acontece diante do aumento de rumores de um iminente golpe no Paraguai, após a deterioração do clima político e econômico no país O impasse político se agravou com a aprovação, no dia 5 de junho, da suspensão das privatizações no Paraguai. González Macchi, ameaçado de afastamento pelo Congresso, apostava na venda da empresa de telefonia Copaco para aliviar a aguda crise econômica. Diante das pressões, sustou o processo de privatização. O Paraguai, que quer um empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional), teme o efeito de uma expulsão do Mercosul, já que o bloco possui uma cláusula democrática como condição para a participação. Na avaliação de diplomatas brasileiros, a situação deve se agravar. O governo brasileiro vai manter a posição de não-intervenção formal em assuntos de política interna de seus vizinhos, mas não vai hesitar em acionar a cláusula democrática do Mercosul em caso de golpe. Com a crise econômica na Argentina e no Uruguai, o Brasil é o único mercado com condições de absorver os produtos do Paraguai. O principal item de exportação do país é energia elétrica, e o Brasil importa 90% da que o vizinho produz. Popularidade de Oviedo O presidente Macchi já chegou a admitir que poderá ter de deixar o governo antes do fim do mandato, em 2003. O problema é que seu partido, o Colorado, não quer que o vice, Julio César Franco, do Partido Liberal Radical Autêntico, assuma a Presidência. Diante disso, o Partido Colorado cogita convocar eleições apenas para substituir Macchi pelo candidato oficialista, Nicanor Duarte. Os liberais são contra. O impasse elevou a popularidade do ex-general Lino Oviedo, que está no Brasil desde 2000. Ele é acusado de ter sido o mentor do assassinato do vice-presidente Luis Maria Argaña, em 1999. Oviedo declarou que voltará ao Paraguai pela Ponte da Amizade. O ex-general criou uma dissidência do Partido Colorado e tem convocado reuniões semanais em Foz de Iguaçu. Macchi obteve ontem uma sobrevida no cargo. Deputados de oposição não conseguiram o número necessário de votos para votar seu afastamento. A trégua foi conseguida depois que Macchi suspendeu a venda da Copaco. No dia 5 de junho, choque entre policiais e agricultores em marcha antiprivatização resultou na morte de um manifestante. Na esteira da morte do agricultor, opositores de Macchi -que reúnem oviedistas, liberais e colorados descontentes com o presidente- tentaram votar o afastamento do presidente. No dia 5, os opositores haviam conseguido 45 dos 54 votos necessários, num universo de 80, para a votação da destituição de Macchi. A reação do Partido Colorado foi imediata. Nicanor Duarte disse que, se Macchi fosse destituído, o vice Franco não ficaria 48 horas no poder. A crise institucional paraguaia atinge todos os partidos políticos e o movimento sindical. O Partido Colorado enfrenta problemas internos entre argañistas (partidários do vice assassinado), oviedistas e colorados tradicionais. O Partido Liberal Radical Autêntico sofre a dissidência dos que não querem Franco como candidato do partido à Presidência em 2003, e o Partido do Encontro Nacional (PEN) está esfacelado. O sucessor do PEN, partido criado por empresários liderados por Caballero Vargas na década de 80, deverá ser o projeto ´Querida Pátria", comandado pelo empresário Pedro Fadul e que reúne empresários cristãos. Fadul sonha em ser um candidato independente no ano que vem.

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