Para Fitch, fim da CPMF pode atrasar grau de investimento

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Publicado Quinta, 13 de Dezembro de 2007 às 17:31, por: CdB

A diretora-sênior da área de soberania da agência de classificação de risco Fitch Ratings, Shelly Shetty, disse à BBC Brasil que a não-prorrogação da CPMF pode atrasar a obtenção de grau de investimento pelo Brasil.

— Certamente não é positivo para conseguir o upgrade de rating. Mas ainda estamos esperando por um plano B do governo para avaliar melhor —, afirmou Shelly Shetty em entrevista por telefone de Nova York.

Shetty afirmou que a relação entre a dívida externa e o PIB ainda é alta no Brasil e que uma eventual redução do superávit primário para compensar a queda da arredação "pode atrasar o processo" de concessão de grau de investimento.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira que as medidas para compensar a perda da arrecadação serão anunciadas na próxima semana, mas que não cogita mexer no superávit primário.

R$ 40 bilhões

A CPMF, que deixa de ser cobrada a partir do ano que vem, representou neste ano uma arrecadação de R$ 40 bilhões.

A classificação atual do Brasil na Fitch é BB+, com perspectiva estável, apenas um grau antes do grau de investimento. Shelly Shetty diz que a perspectiva estável significa que a nota tem chances iguais de ser elevada ou reduzida.

Mas ela diz que também não espera uma piora na avaliação, já que as contas externas estão melhorando.

A classificação dos títulos de um país como grau de investimento significa na prática um aumento nos investimentos recebidos, porque muitos fundos estrangeiros só podem aplicar seus recursos em títulos com esta classificação.

Também significa que o país pode oferecer juros menores, porque precisa se esforçar menos para atrair capital. Na América Latina, México e Chile são os únicos países com esta classificação.

Refém da política

— (A derrota da CPMF) pode significar que o Brasil pode ter que fortalecer suas contas externas ainda mais para compensar o risco potencial —, afirmou a diretora da Fitch.

Ela afoirma que há três opções para compensar a perda de receita: reduzir o superávit primário, cortar desembolsos ou aumentar impostos.

— Acho que cortar gastos em 1,5% do PIB parece difícil, e também reduzir investimentos na mesma proporção só pode prejudicar o crescimento. O governo está claramente numa situação difícil —, afirmou a diretora da Fitch.

Isso "mostra que as políticas públicas no Brasil continuam reféns da política e isso pode fazer o processo de reformas mais lento e imprevisível", afirmou.

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