Paquistão e Coréia do Norte: uma história de trocas nucleares

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Publicado Domingo, 24 de Novembro de 2002 às 16:20, por: CdB

A CIA disse a membros do Congresso, na semana passada, que o programa de enriquecimento de urânio da Coréia do Norte, descoberto apenas este ano, produziria material suficiente para produzir armas em dois a três anos. Além disso, a CIA diz que a Coréia do Norte já tem duas armas criadas antes de um programa de armas ser interrompido pelos EUA, em 1994. Mas a CIA não mencionou como um dos países mais pobres e isolados do mundo pôde unir uma tecnologia tão complexa. De acordo com oficiais entrevistados nas últimas três semanas em Washington, a resposta vem através de uma relação com o Paquistão, uma série de transações que agora parece mais profunda e mais perigosa que o suspeitado. As relações militares do Paquistão com a Coréia do Norte datam da década de 70. Mas eles tomaram uma mudança decisiva em 1993, enquanto os EUA forçavam o Norte a abrir suas grandes usinas nucleares em Yongbyon. Yongbyon claramente era uma fábrica que produzia bombas de plutônio a partir do combustível nuclear. Quando a Coréia do Norte se recusou a permitir a entrada dos inspetores comandados por Hans Blix, o homem que agora comanda as inspeções no Iraque, o presidente Bill Clinton foi à ONU pedir penalidades e o Pentágono criou planos para um ataque contra a usina, no caso de a Coréia do Norte remover o combustível para iniciar a produção das bombas. No meio deste conflito, Benazir Bhutto, o então primeiro-ministro do Paquistão, chegou em Pyongyang, a capital norte-coreana. A delegação de Bhutto partiu com planos para o míssil norte-coreano Nodong, de acordo com oficiais paquistaneses. Meses depois da visita de Bhutto, o governo Clinton e a Coréia do Norte alcançaram um acordo que congelou todas as atividades nucleares em Yongbyon. Em retorno, os EUA e seus aliados prometeram à Coréia do Norte um estável fluxo de óleo combustível e a eventual entrega de dois reatores nucleares para a produção de energia elétrica. Mas depois de três anos, Kim Jong Il se desencantou com o acordo porque temia que os reatores jamais seriam entregues. Entre 1997 e 1998, concluíram autoridades americanas, ele estava buscando uma forma alternativa de construir uma bomba, sem ser detectado. Ele encontrou parte de sua resposta no Paquistão, que junto com o Irã, Líbia, Iêmen, Síria e Egito agora era um cliente regular na compra de partes de mísseis norte-coreanos, afirmaram oficiais do exército americano.

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