Papa ameaça excomungar políticos católicos

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Publicado Quarta, 09 de Maio de 2007 às 08:19, por: CdB

O papa Bento XVI alertou, nesta quarta-feira, a bordo do avião papal, que políticos católicos podem ser excomungados caso apóiem o aborto.

É a primeira vez que o papa, falando a jornalistas a bordo do avião que o traz ao Brasil, trata em profundidade de um tema polêmico, que está na pauta em muitos países, como Estados Unidos, México, Itália e o próprio Brasil.

Bento XVI chega ao Brasil às 16h desta quarta, depois de sete horas e meia de viagem. Do Aeroporto Internacional de Guarulhos, ele irá de helicóptero ao Campo de Marte, onde será recebido por autoridades.

No fim da tarde, Bento XVI fará uma saudação ao povo da sacada do Mosteiro de São Bento, no centro da capital, onde ficará hospedado.

A bordo do avião, o papa foi questionado se apoiava os líderes eclesiásticos mexicanos que ameaçaram excomungar parlamentares esquerdistas que no mês passado aprovaram a legalização do aborto na Cidade do México.

"Sim, esta excomunhão não seria arbitrária, mas sim permitida pela lei canônica, que diz que matar uma criança inocente é incompatível com receber a comunhão, que é receber o corpo de Cristo", disse ele.

"Eles [líderes da Igreja mexicana] não fizeram nada de novo, surpreendente ou arbitrário. Eles simplesmente anunciaram publicamente o que está contido na lei da Igreja, que expressa nossa apreciação pela vida e que a individualidade humana, a personalidade humana estão presentes desde o primeiro momento."

Nesta quinta-feira, depois de  uma missa em caráter privado na capela do mosteiro, o papa receberá a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital.

No mesmo dia, haverá um encontro com representantes de outras religiões e um almoço com representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Às 18 horas, Bento XVI participará de encontro com jovens no estádio do Pacaembu.

O papa disse que os parlamentares que votam a favor do aborto têm "dúvidas sobre o valor da vida e a beleza da vida, e mesmo uma dúvida sobre o futuro".

"O egoísmo e o medo estão na raiz da legislação [pró-aborto]", disse ele. "Nós, da Igreja, temos uma grande luta para defender a vida. A vida é um presente, não uma ameaça."

Nos últimos meses, o Vaticano foi acusado de interferência na política italiana por dizer a parlamentares católicos que se oponham a um projeto que dá mais direitos a casais não-casados, inclusive homossexuais.

Durante a eleição presidencial de 2004 nos EUA, a comunidade católica se dividiu entre apoiar ou não o democrata John Kerry, ele próprio católico, mas defensor do direito ao aborto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista a emissoras católicas na terça-feira, se declarou pessoalmente contrário ao aborto, mas disse que como chefe de Estado precisa tratar a questão como um tema de saúde pública. A declaração gerou críticas entre católicos.

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