Al Pacino, que já fez puristas se contorcerem com seu sotaque americano em obras de Shakespeare, aceitou correr outro risco e representar Shylock, o rico agiota judeu em uma nova versão de "O Mercador de Veneza" para o cinema.
"É um desafio quando você tem que fazer algo muito conhecido e tem que se aproximar disso como se estivesse sendo dito pela primeira vez", disse o ator em uma entrevista à imprensa no Festival Internacional de Cinema de Veneza, onde o filme foi exibido pela primeira vez no sábado.
Sua representação de Shylock, que pede uma libra de carne humana como garantia pelos empréstimos, pode surpreender aos que conhecem Pacino como um gângster ou um policial agressivo.
Pacino, de 64 anos, havia dirigido e atuado em "Ricardo III -- Um ensaio", um filme sobre a peça "Ricardo III", de Shakespeare, e feito o papel de um líder judeu em "O articulador".
A presença de atores ítalo-americanos junto com atores ingleses importantes como Jeremy Irons, que faz o papel de Antônio, e Joseph Fiennes é apenas uma das surpresas na nova versão de uma das peças mais controversas de Shakespeare.
O diretor Michael Radford, mais conhecido pelo drama italiano "O Carteiro e o Poeta", abre o filme com um retrato do gueto nos quais os judeus foram forçados a viver em Veneza.
Apesar de não competir formalmente no festival, o filme de Radford é um dos mais esperados entre os 70 que serão exibidos até o fim do evento no dia 11 de setembro.